Astralis: uma história de sucesso
O Counter-Strike vai muito além do jogo. Ele também é uma grande competição, que movimenta muito dinheiro (ainda nem perto de outros esports, diga-se de passagem) e que traz muito prestígio aos jogadores e times profissionais.
Portanto, é normal que as organizações busquem sempre melhorar os seus elencos, mirando vencer campeonatos, aumentar sua base de fãs e buscar novos patrocínios.
O exemplo mais próximo que temos é o da MIBR, que está em constante mudanças de membros desde o início do ano, tentando voltar ao topo do CS mundial. Além do time brasileiro, outras organizações que uma vez já foram potências, mas hoje estão longe do seu auge, também tiveram alterações recentemente, como é o caso da Fnatic, Virtus.Pro e NiP.
Mas o que faz um time estar no topo em um ano e cair de produção drasticamente no ano seguinte? Por que as potências do passado não conseguem replicar o seu sucesso novamente?
São perguntas difíceis de serem respondidas, no entanto, tem um time que sempre esteve entre os melhores durante todos esses anos, e esse time é a Astralis. Os dinamarqueses sempre foram candidatos ao título a praticamente todos os campeonatos que disputaram desde 2013, o início das competições do CS:GO.
Por isso, resolvemos fazer um pequeno flashback, para entender qual a fórmula do sucesso encontrada por dupreeh e seus companheiros.
Copenhagen Wolves (2013)
Elenco: Device, Xyp9x, Dupreeh, Fetish e Nico
Esta foi a primeira formação da atual Astralis, com 3 dos 5 jogadores de hoje.
Foi um time considerado promissor na época, com jogadores jovens como Device e Xyp9x. Apesar da pouca idade, ambos já tinham uma experiência considerável em competições.
Eram cotados para vencer o primeiro Major de CS:GO, o DreamHack Winter 2013, mas acabaram ficando entre os 5-8º colocados.
Team Dignitas (2014)
Elenco: Device, Xyp9x, Dupreeh, Fetish e Cajunb
Formação também com 3 dos 5 atuais.
Já consolidados como favoritos aos títulos importantes, os dinamarqueses assinaram com Cajunb, na época, sólido AWP que buscava trazer mais poder de fogo ao time.
Jogaram o ESL One Katowice 2014 com esta lineup e caíram na semifinal para a NiP.
Ainda na Dignitas, Cajunb foi cortado para entrada de Aizy. Uma mudança que os deixava sem um AWP fixo, mas que trazia muita mobilidade, habilidade, talento e explosão, coordenados pelo contestado IGL Fetish. Também foram eliminados na semifinal do terceiro Major, ESL One Cologne 2014.
No próximo, DreamHack Winter 2014, Cajunb foi reintroduzido no lugar de Aizy, pois a mudança não ocorreu como o esperado, e o AWP voltou ao elenco ativo.
Novamente, decepcionaram e não fizeram um bom torneio. Foram muito bem na fase de grupos, mas foram eliminados logo em seguida pela NaVi e ocuparam, de novo, as posições 5-8º.
Team SoloMid (2015)
Elenco: Device, Xyp9x, Dupreeh, Karrigan e Cajunb
Os nórdicos trocaram de organização e de IGL. Fetish, muito contestado, foi substituído por Karrigan, um capitão de muito talento, inteligência e leitura única de jogo.
Mas, como nada foi fácil no caminho deles, o primeiro Major de 2015, ESL One Katowice, foi novamente complicado e conturbado.
O time fez uma primeira fase digna, avançando em segundo no grupo. Cruzou com a NiP nas quartas de final, o que se mostrou um obstáculo muito grande para eles e acabaram eliminados.
Nos eventos seguintes, a TSM encontrou a mesma dificuldade dos anteriores. Entravam como favoritos e caíam para outros favoritos. Na ESL One Cologne 2015, foram eliminados pelos franceses da EnVyUs na semifinal, e no DreamHack Open Cluj-Napoca 2015, perderam novamente para a NiP, nas quartas de final.
Astralis (2016)
Elenco: Device, Xyp9x, Dupreeh, Karrigan e Cajunb
Desta vez, de organização própria, mas como os mesmos players, a Astralis trouxe apenas a inovação do coach Zonic, experiente ex-jogador que foi ícone do CS 1.6 como IGL e de muito talento, paciência e inteligência.
O novo coach buscava estabilidade psicológica ao time, que era conhecido por travar em partidas decisivas.
No MLG Columbus 2016, quatro equipes eram as principais favoritas: Fnatic, NaVi, Luminosity e Astralis. A Fnatic não fez uma boa fase de grupos e se classificou em segundo lugar, cruzando com a Astralis.
Quando todos já esperavam um novo choke deles, Karrigan e companhia atropelaram a Fnatic por 2-0, com um 16-5 no segundo mapa. Porém, os jogadores do coach Zonic foram eliminados novamente na semifinal, pela NaVi.
Ainda em 2016, no ESL Cologne, a Astralis enfrentou muitos problemas na formação dos 5 jogadores titulares. Trocaram Cajunb por Kjaerbye, mas a nova aquisição não pôde disputar o Major, pois já tinha atuado pela Dignitas no Minor da Europa, então Gla1ve foi chamado para jogar como substituto.
Além disso, Dupreeh precisou passar por cirurgia e o coach Zonic atuou em seu lugar. Foram eliminados nas quartas de final pela Virtus Pro, mas o desempenho foi satisfatório, pois conseguiram o status de Legends sem 2 de seus titulares.
Astralis (2017)
Elenco: Device, Xyp9x, Dupreeh, Gla1ve e Kjaerbye
Finalmente, o time conhecido por bater na trave sempre conquista o Major. No ELEAGUE Major Atlanta 2017, os comandados de Zonic desencantam e vencem o torneio em cima da Virtus.Pro, em uma final incrível. É a consagração de um trabalho a longo prazo realizado pelos dinamarqueses.
No PGL Krakow 2017, os mesmos jogadores foram para a disputa do bicampeonato. Todos apontavam Astralis e SK como favoritos, mas ambos logo se encontraram no torneio, nas quartas de final, e com um show de Device, levaram a melhor por 2-0.
O título, no entanto, não veio, graças aos time do capitão Zeus, IGL da Gambit na época. A parede cazaque chamada Gambit, parou os favoritos nas semifinais.
Astralis (2018)
Elenco: Device, Xyp9x, Dupreeh, Gla1ve e Kjaerbye (Magisk)
No último Major de CS:GO, o ELEAGUE Major Boston 2018, A Astralis decepcionou, e muito, sendo eliminada na segunda fase do torneio, ficando nas posições 12-14ª do evento.
Logo após a horrível atuação na principal disputa do semestre, a mudança chegou. Kjaerbye assinou com a North, alegando que precisava de novos ares para voltar ao bom momento que havia vivido anteriormente. Magisk foi escolhido para seu lugar.
Após a troca, os dinamarqueses participaram de 8 grandes campeonatos, com 8 playoffs. Destes, foram 5 títulos, 1 vice-campeonato, 2 semifinais e 1 quartas de final, resultados impressionantes para a época competitiva e cheia de dinamismo em que vivemos no CS:GO.
Desses títulos, o último deles foi na ELEAGUE Premier 2018, vencendo 4 partidas MD3 sem perder nenhum mapa.
O segredo da Astralis
Algo que chama a atenção desde o início das competições, é que Device, Xyp9x e Dupreeh sempre estiveram na lineup ativa da equipe, tornando o feito de serem favoritos a praticamente tudo desde 2013 incrivelmente impressionante.
A Astralis nunca foi uma equipe que trocou de jogadores frequentemente. Mudanças aconteceram, mas foram pontuais, em posições mais carentes, demonstrando que o trabalho é bem feito e produtivo, mesmo em outras organizações que já representaram.
Não é à toa que hoje são os líderes do ranking da HLTV. E isso não se deve somente aos resultados atuais, de dar inveja a qualquer um, mas sim a um projeto realizado desde 2013 pelo trio fixo do elenco.
O segredo deles para serem o melhor time do mundo, obviamente, não passa só por esses jogadores, mas também pelo coach, pela organização, pela própria habilidade, talento e pelo psicológico das pessoas envolvidas em todo o processo. Manter a união após tanto tempo e figurar sempre entre os melhores do mundo, não é para qualquer um.
Atualmente, a Astralis está no topo e provavelmente é a principal candidata ao título do FACEIT Major 2018. Porém, mesmo se o título não vier, vimos que não é uma pedra no caminho que derrubará esses gigantes do CS:GO.