Opinião: qual o limite da provocação dentro dos esports?

Foto: Getty Images

A provocação está presente em nossas vidas desde a infância. Quer ver só? Lembra quando descobrimos que mostrar a língua pode ser uma forma de provocar ou até debochar de alguém que não foi tão amigável conosco? À medida que crescemos, percebemos que existem provocações mais intensas. O que antes parecia uma forma ingênua de se expressar, dentro de um ambiente competitivo, torna-se uma maneira de desestabilizar o adversário ou até chamar a torcida para o jogo. Mas, até onde se pode usar essa estratégia?

Recentemente, o assunto esteve em alta após Ygor “RedBert” Freitas, jogador de LoL da LOUD, usar um gesto obsceno após ser provocado pela torcida da paiN, durante a final do CBLOL. Algo semelhante aconteceu no cenário inclusivo de VALORANT, quando Nicolas “srN” Niederauer fez o mesmo gesto para as jogadoras da Team Liquid. Ambos os atletas, após a repercussão negativa, se desculparam pelo ato.

Ética é algo importante em qualquer cenário da vida. Eu, por exemplo, dentro da minha profissão, aprendi que é necessário ter cuidado ao noticiar algo delicado que pode prejudicar alguém. Do mesmo modo, acredito que os jogadores e as torcidas devem entender que existem pessoas do lado adversário e, após o embate, todos são colegas, amigos ou até família.

Felipe “nade” Ferreira, da w7m, conforta o irmão Thiago “Handyy” Ferreira, da FaZe, após final do Six Invitational Brasil 2024 – (Foto: Eric Ananmalay / Ubisoft)

Punir é necessário

Um caso envolvendo o coach Matheus “Budega” Figueira, que usou a palavra “viado” na tentativa de ofender um player da Team Liquid, resultou no seu afastamento por um ano do competitivo de Rainbow Six. Alguns consideram a punição dura demais, enquanto outros acreditam que essa atitude da Ubisoft foi importante para a construção de um cenário mais saudável. Afinal, de que adianta pregar diversidade e respeito à diferença dentro do jogo se, fora dele, isso não acontece?

Os jogadores e membros de uma organização devem ser exemplos para seus torcedores. Estes, por sua vez, devem replicar esse espírito esportivo com as torcidas adversárias. Além disso, as empresas precisam agir de maneira proativa para combater excessos e promover um ambiente cada vez mais saudável nos esportes eletrônicos.

Provocar com respeito é possível

A equipe asiática da BLEED Esports usa um peixe gigante para intimidar os adversários – (Foto/X)

A provocação faz parte do show, mas de maneira alguma tem passe livre para ultrapassar os limites necessários para que uma competição seja saudável. Isso não se trata apenas do lado jurídico da questão. Não basta respeitar o artigo 3º, inciso IV da Constituição Federal, que condena “preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação”; é preciso agir de forma ética e entender que um adversário jamais será um inimigo.

Em conclusão, acredito que a provocação, ou trash talk, deve sim existir. No entanto, existem maneiras criativas que não envolvem gestos obscenos ou ofensas pessoais. Isso vale tanto para os jogadores quanto para as torcidas. Provoquem sim, mas provoquem sempre com respeito!

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