Times de CS:GO têm prejuízo de US$ 1 a 2 milhões por ano, diz presidente da C9
Tem se tornado cada vez mais comum notícias informando problemas financeiros em organizações, equipes e competições de Counter-Strike: Global Offensive. Recentemente, tanto um dos dirigentes da Immortals, responsável pela MIBR, quanto um ex-jogador da Windigo afirmaram sobre o atraso para receber as premiações dos torneios.
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Reiterando esses problemas, Dan Fiden, presidente da Cloud9, fez diversas revelações sobre os bastidores do CS:GO durante uma entrevista ao jornalista DeKay, do site DBLTAP. Apesar de ter como objetivo falar sobre os novos torneios da ESL e da FACEIT, Fiden falou sobre outras questões do jogo.
Dentre tantas informações reveladas, uma das principais figuras representativas da organização, que já venceu um Major de Counter-Strike, afirmou que a maioria dos times de elite do principal FPS da Valve têm prejuízos de US$ 1 a 2 milhões por ano (cerca de R$ 4 a 8 milhões) com suas operações.
“A Cloud9 perde entre US$ 1 a 2 milhões todos os anos com as operações de CS. E eu desafio qualquer time do Top 20 a provar que não está perdendo uma quantia semelhante. Hoje, a maioria da receita de grandes organizações com várias equipes, como a nossa, são de patrocínios, onde a maioria não é nem específica do jogo”, disse Dan.
Prejuízo mensal
Dada como certa no projeto “Site B”, nova liga que será liderada pela FACEIT, o presidente da C9 revelou quanto recebia da ESL em receitas por participação nos torneios. De acordo com ele, a organização ganhava cerca de US$ 70 mil por ano, mas gastava mais do que isso apenas em um mês com o time de CS.
“A receita em função dos eventos e participação na liga é menor do que na maioria dos outros jogos. Recebemos cerca de US$ 70 mil da ESL no ano passado, e essa é a maior distribuição de receita de liga que recebemos no Counter-Strike. Mas gastamos mais do que isso com CS em um único mês”.
Para ter a chance de fazer o time respirar e começar a ganhar dinheiro com CS, Dan Fiden aponta que a ESL teria que “gerar um lucro de US$ 20 milhões por ano”. Além disso, ele diz que “uma parceria em que um parceiro obtém mais de 50% de lucro a cada ano e você sequer cobre os gastos não é uma parceria”.
Apesar de acreditar no jogo e afirmar que o CS:GO possui “a melhor base de fãs, audiência e história dos esports”, Dan afirma que a Cloud9 “ganha mais dinheiro com Rainbow Six Siege do que com Counter-Strike” no momento atual. Assim, a paixão pelo jogo da Valve é o único motivo pelo qual a organização continua investindo no cenário.
Futuro sombrio e luz no fim do túnel
Apesar do ar sombrio durante a entrevista, o presidente da Cloud9 se mostra otimista em relação ao futuro do Counter-Strike. Contudo, ressalta que caso isso não seja resolvido logo, é possível que os investidores “transfiram o dinheiro para outro lugar”.
Além disso, ele afirma como os jogos com as ligas franqueadas começaram a chamar a atenção dos responsáveis por investir nos esportes eletrônicos. Para ele, o principal motivo é o planejamento a longo prazo das ligas.
“Apesar do CS ser um jogo tão bom, o dinheiro será colocado em coisas que são sustentáveis. Os investidores acreditam na relação direta que os times mantém com os fãs e na posição confortável de longo prazo que essas ligas promovem”, disse.
Dan também cita como exemplo Jason Lake, fundador e CEO da compLexity, que afirma haver uma bolha nos esportes eletrônicos e principalmente no Counter-Strike. Para Lake, o jogo tem um potencial incrível, mas nunca funcionou de maneira econômica como um esporte.
“Eu espero que as organizações e os jogadores que têm peso nas decisões, estejam pensando no longo prazo. Não se trata de qual elenco está no topo atualmente, nem de economia a curto prazo. Trata-se da viabilidade econômica da cena [de CS], e fazer as decisões que irão consertá-la”, completou o presidente.
Foto de capa: Reprodução/Twitter