Mãe de Brutt desabafa: “meu filho era só uma máquina de visualizações”

Por meio do seu Twitter pessoal, Cristiane Fernandes, mãe de Brutt – ex-jogador de CS:GO da Imperial Esports que faleceu no fim do ano passado – rompeu o silêncio de meses e fez um longo desabafo sobre a morte do filho. Segundo ela, faltou amparo das organizações que Brutt fez parte, o que contribuiu para a morte do jovem, de apenas 19 anos. O depoimento veio a tona após apuração do Start UOL sobre o caso.
Cristiane mostrou bastante descontentamento com a maneira que as organizações Team Reapers e Imperial Esports lidaram com a situação de saúde do jogador. De acordo com ela, ele deixou o Rio de Janeiro, sua cidade natal, “sadio e perfeito” e passou a ter problemas ao conviver nas gaming houses.
“Em uma das Gaming Houses, o meu filho e os demais jogadores começaram a passar mal, com dores de estômago, diarreia e outros sintomas. Desconfiaram da água que era oferecida, o que se comprovou mais tarde. Nessa ocasião, não tiveram apoio nenhum e foi necessário que passassem a comprar sua própria água para não adoecer. Levou mais de mês até que os responsáveis tomassem alguma providência”, afirmou Cristiane. O fato teria acontecido durante sua passagem pela Team Reapers.
No depoimento, ela também afirma que teve problemas com a Imperial, criticando a primeira GH em que os jogadores foram colocados. “Meu filho foi colocado em uma Gaming House atrás do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Ou seja, havia um barulho constante e terrível, dia e noite, sem parar, de aeronaves pousando e decolando, incompatível com o nível de concentração e condições para preparo de um atleta. Mesmo durante tempos de forte calor, não havia sequer ventiladores na casa para aliviar a temperatura! Desse modo, era impossível que os jogadores descansassem, mesmo após longas horas de treino, razão porque ficam esgotados mental e fisicamente”, disse.
Críticas duras às organizações
Apesar dos problemas nos locais de hospedagem dos atletas, a principal crítica da mãe de Brutt se deu a falta de suporte das organizações. Segundo Cristiane, mesmo com a piora no estado de saúde do jogador, não houve tratamento adequado da Imperial. “Brutt mal conseguia se mexer, ninguém o auxiliou; ninguém foi comprar os remédios prescritos no hospital. Ele ficou totalmente sozinho, desamparado”, afirmou.
Para a mãe do jogador, o ponto mais crítico da situação de Brutt com a Imperial foi quando ele participou do CBCS com capuz, o que não era normal e podia ser um sinal de um grave problema. “Em seu último jogo oficial, o vi na televisão, aqui do Rio de Janeiro. Ao perceber que meu filho estranhamente estava jogando com casaco e de capuz, sem seu “Headset”, fiquei muito assustada. Mais tarde, descobri que meu filho teve que jogar mesmo sob uma dor insuportável, com toalhas molhadas na nuca para aliviar a dor, sem aguentar sequer o barulho do headset”, desabafou.
Assim, ela viajou para São Paulo para prestar assistência. Entretanto, após inúmeras idas a médicos e unidades de saúde, Cristiane resolveu levar Brutt de volta ao Rio de Janeiro, onde descobriu a causa de sua doença: lesões no cérebro. O jogador já estava com mais de 30 e precisava urgentemente ser internado.
Porém, mesmo após a internação, Brutt não resistiu, sofreu uma parada cardíaca e veio a falecer. Cristiane ficou “impotente” e a família “desesperada”. Ela alega que não recebeu “sequer um tratamento humano” ou apoio emocional da Imperial. Por fim, conclui que Brutt “não passava de uma máquina que se tornou inútil” ao apresentar problemas de saúde.
Resposta da Imperial
Felippe Martins, um dos sócios da Imperial, também recorreu ao Twitter para mostrar seu lado. Segundo ele, “todas as vezes que Brutt sentiu a necessidade foi prestado os devidos socorros”.
Martins complementa afirmando que a falta de assistência alegada pela mãe de Brutt “trata-se de uma acusação sem total fundamento e que as provas também se apresentarão em momento oportuno à justiça e que farei questão de tornar a público, quando julgadas”. Ele afirma ter prestado ajuda emocional e financeira à família, procurando saber todos os dias sobre o estado clínico do jogador.
Entretanto, diz que durante um período ele parou de receber notícias e mensagens e que o irmão de Brutt entrou em contato para dizer que não precisava de ajuda financeira.
“Alguns dias antes, o Sr. Leonardo (irmão do Brutt) retornou contato, me dizendo sobre a atual situação, e me deixou CLARO, que não era necessário nenhuma ajuda financeira, pois ele estava internado em um Hospital Estadual de REFERÊNCIA em neurologia e que todos os custos de remédios e exames estavam sendo pagos pelo hospital. Eu disse, que mesmo assim, para contar comigo para o que precisasse. Disse que eu estava em viagem e em um momento que não poderia contribuir de forma PESSOAL, mas que a IMPERIAL estava a disposição para cobrir qualquer eventual custo”, afirmou Martins.
Resposta da Team Reapers
Também através do Twitter, a Team Reapers apenas emitiu uma nota oficial, dizendo que foca em “oferecer as melhores condições e infraestrutura aos nosso atletas” e que Brutt não manifestou “nenhuma insatisfação ou sintoma que demonstrasse a gravidade do seu estado de saúde” durante sua passagem pelo time.