TBT CS:GO: Relembre o MLG Columbus, primeiro título mundial brasileiro

Foto: HLTV.org

Qualquer brasileiro fã de Counter-Strike conhece a história do famoso Major MLG Columbus 2016, não é mesmo? A conquista da Luminosity Gaming coroou uma equipe que era (e talvez ainda seja) idolatrada pela nação verde e amarela, trazendo o título mundial pela primeira vez aos braços brasileiros.

Como esquecer de todo contexto que envolvia aquele campeonato, onde os brasileiros eram um dos melhores times do mundo, mas ainda não haviam conseguido levarem nenhuma taça. Não dá pra esquecer de partidas muito memoráveis, como as quartas de final contra a Virtus.pro ou a semifinal em 2-0 contra a Team Liquid ou final contra a Natus Vincere.

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É fato. Provavelmente, o MLG Columbus 2016 é o campeonato mais marcante na cabeça da maioria dos brasileiros fãs de CS:GO. Não só pelo título, mas por todas as circunstâncias que envolveram o torneio e como tudo se desenhou para consagrar a LG como campeã. Vamos relembrar um pouquinho dessa história?

Contexto anterior

A lendária line-up da LG como lembramos não ficou tanto tempo assim junta antes de começar a fazer sucesso. Os 5 campeões do Major se juntaram em novembro de 2015, quando fnx, TACO e o técnico zews se juntaram à Luminosity com os na época já integrantes FalleN, fer e coldzera.

Logo em seu primeiro torneio juntos, a FACEIT Stage 3 2015, ficaram com um surpreendente vice-campeonato, após perderem para os suecos da Fnatic na final. A equipe se recuperou bravamente após levar 16-0 da própria Fnatic na primeira partida do torneio e eliminou grandes favoritos, como a francesa EnVyUs e a sueca Ninjas in Pyjamas na primeira fase. Nas semis, tiraram os dinamarqueses da Team SoloMid, que depois se tornaram a Astralis pouco tempo depois.

Apesar da ótima campanha, a LG foi até a final, chegou a abrir 1-0 e levou a virada da Fnatic. O resultado surpreendeu ao cenário mundial de CS:GO, que exaltou muito a campanha dos brasileiros. O inesperado foi que, nos torneios seguintes, a LG continuou no mesmo ritmo de grandes campanhas.

Capitão FalleN cumprimentando KRIMZ, da Fnatic, depois da final (Foto: HLTV.org)

Já em 2016, veio a StarSeries XIV, dessa vez sendo eliminados nas semifinais, novamente pela Fnatic em um acirrado 2-1 e um apertado 16-14 para Fnatic no último mapa, com show do sueco flusha.

Ainda em janeiro, veio mais um vice-campeonato, mas dessa vez para a Natus Vincere. Os brasileiros perderam de 2-0 uma grande final contra seus adversários, em dois mapas que terminaram na prorrogação. O sentimento da torcida era que, cedo ou tarde, os brasileiros conquistariam o tão sonhado título.

Em março, o último torneio grande antes do major de Columbus, foi o IEM X, em que mais uma vez veio o vice-campeonato, em mais uma dolorida derrota para Fnatic. Na época, olofmeister era o melhor jogador do mundo e, literalmente, deu aula de CS para o mundo naquela final, com 81 kills em 3 mapas.

Chega o MLG Columbus

Fim de março e início de abril de 2016. Claro que a expectativa do mundo de CS era enorme sobre o major de Columbus. O ranking de equipes da HLTV mostrava uma Fnatic quase sem adversários, com 1000 pontos, seguida de NaVi com 667 e Astralis com 640. A LG ocupava a quarta colocação, com 517 e, fechando o top 5, EnVy tinha 339.

Os jornalistas e analistas do jogo apontavam, disparadamente, a Fnatic como favorita ao título, já que vinham de 5 títulos em sequência, em 5 torneios disputados. Logo atrás, ainda como favoritas, Astralis e NaVi eram indicadas, enquanto Luminosity, Virtus.pro e EnVyUs eram menos cotadas à taça.

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olofmeister (Fnatic), melhor jogador do mundo na época, em ação no MLG Columbus (Foto: HLTV.org)

Primeira fase

No grupo A, a LG fez uma fase de grupos irretocável. Venceu a mousesports e depois bateu a NiP para garantir o primeiro lugar do grupo. NiP venceu a mouz por 2-1 no jogo de decisão e avançou para os playoffs com o segundo lugar.

No grupo B, vimos algo que não era esperado. No jogo de vencedores, a Team Liquid (do ucraniano s1mple) venceu a Fnatic, garantindo o primeiro lugar. A Fnatic depois bateu a FaZe por 2-0 e se classificou em segundo.

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JW, AWPer da Fnatic, em partida contra FaZe (Foto: HLTV.org)

No grupo C, tivemos uma grande surpresa. Uma das grandes equipes da época e atual campeã de Majors, EnVyUs se despediu na primeira fase da competição, amargando a última colocação do grupo, com 2 derrotas em 2 jogos. Astralis se classificou em primeiro e a americana CLG, surpresa do torneio, avançou em segundo.

No grupo D, considerado por muitos o grupo da morte, NaVi venceu os 2 jogos, garantiu o favoritismo e passou em primeiro. Virtus.pro venceu a francesa G2, de shox e ScreaM e avançou de fase. Cloud9 amargou a última colocação.

Quartas de final

O primeiro jogo das quartas foi entre NaVi e Nip. Sem muito susto, os ucranianos venceram por 2-0 e eliminaram os adversários, sendo os primeiros a garantir a vaga na semifinal.

Na segunda partida, em um grande confronto entre dois favoritos, Astralis e Fnatic se enfrentaram. Vale lembrar que, nessa época, a Astralis não era a mesma que ficou conhecida por se tornar o maior time da história do CS:GO. Os dinamarqueses eram conhecidos por falhar sempre que eram exigidos ou quando a partida era contra um difícil adversário.

O retrospecto também contava contra a Astralis, que não ganhava da Fnatic há mais de 6 meses em uma partida MD3. Porém em um surpreendente resultado, os ex-TSM venceram, e convenceram, por 2-0, se garantindo no confronto contra a NaVi na semifinal.

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Capitão karrigan, (Astralis) em entrevista após eliminar a favorita Fnatic (Foto: HLTV.org)

No terceiro jogo, na partida americana das quartas, a Liquid enfrentou e eliminou a CLG em um confronto consideravelmente tranquilo, com 2-0 no placar e s1mple liderando o scoreboard do servidor.

No último, e mais aguardado para os brasileiros jogo das quartas, a Luminosity Gaming venceu a Virtus.pro por 2-1, sendo que o mapa vencido pela VP foi o único que a LG perdeu no major. Porém, a partida foi bem complicada.

O primeiro mapa era Cache, de escolha polonesa, um mapa que, historicamente, a line-up de FalleN e companhia nunca gostaram tanto de jogar, e tinham um retrospecto negativo nele. A VP teve bastante trabalho para vencer, levando o jogo para prorrogação e fechando na parcial de 19-17 para o lado polonês.

O segundo mapa foi Cobblestone. A VP sempre foi especialista nesse mapa, era praticamente um “quintal” deles, onde eles ganhavam de todos os times do mundo naquela época. Todos, menos os brasileiros, que eram considerados o melhor time naquele mapa. Portanto, os dois melhores times do mundo naquele mapa se enfrentaram e, claro, vitória brasileira por 16-10, com fnx e coldzera liderando o Brasil ao empate em 1-1 na série.

Para fechar a MD3, o mapa restante foi Overpass, em que os brasileiros também eram conhecidos como um dos melhores times do mundo no mapa, provavelmente junto com Astralis e NaVi. A LG fechou o mapa em 16-11 de forma convincente e avançou para a próxima etapa.

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FalleN se preparando para entrevista após grande jogo contra Virtus.pro nas quartas de final (Foto: HLTV.org)

Semifinal

O jogo mais esperado para o mundo, com certeza, era NaVi e Astralis, o segundo e terceiro melhores times do mundo, respectivamente. Após uma vitória apertada no primeiro mapa, por 16-14, NaVi venceu tranquilamente o segundo mapa por 16-5 e carimbou o passaporte para a final. Novamente, a Astralis ficava pelo caminho e não apresentava bom desempenho em jogos decisivos.

No segundo jogo, o mais esperado para os brasileiros, a LG pegou a Liquid. Quem assistiu esse jogo ao vivo lembra da tensão e da emoção que foram ambos os mapas, os dois vencidos pela LG na prorrogação.

Na Mirage, a primeira metade foi bem disputada, terminando em 8-7 para LG do lado TR. Jogando de CT, a LG parecia não se encontrar. O placar já marcava 15-9 para a Liquid, até que o (quase) impossível aconteceu.

O técnico zews colocou em jogo uma alteração na tática da equipe. Quem marcava a B geralmente era taco, enquanto coldzera auxiliava o meio do mapa, pelo “L”. Na mudança tática, os dois jogadores trocaram de posição e coldzera comprou uma AWP sem colete e sem nenhuma granada para auxiliá-lo contra os possíveis inimigos.

Nada parecia favorecer a equipe brasileira, já que 3 de seus jogadores se posicionaram para defender o lado do bomb A, deixando TACO na área do janelão e do “Moscou” e coldzera completamente sozinho e sem nenhum back-up no bomb B. A Liquid fez seu domínio padrão e ficou pela área do caminho de rato, logo depois se encaminhando com o time completo para a entrada da B, onde coldzera estava sozinho.

Foi aí que a pura habilidade e sorte de coldzera entraram em jogo. Todo mundo conhece essa jogada, em que DDK narrou: “…the jumping double from cold!”. Enquanto marcava o ângulo, cold mata o primeiro a entrar e observa o resto da Liquid logo atrás dele. Em um momento de brilhantismo (e bastante sorte), cold dá um pulo na área da van, atira no ar e mata dois adversários com apenas um tiro e ainda leva o quarto inimigo com um tiro sem mira.

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Reação da torcida americana quando coldzera acertou o “jumping double” (Foto: HLTV.org)

TACO completou o round matando o quinto jogador da Liquid. Os narradores da transmissão global foram à loucura e a torcida, que era predominantemente americana, gritou de surpresa e depois, ficou em silêncio pela jogada do brasileiro. A partir dali, a LG não perdeu mais nenhum round naquele mapa, trazendo de volta um 15-9 até fechar em 19-15.

No segundo mapa, Cache, escolha da Liquid, era esperado uma Liquid ainda mais forte, dada a fraqueza da LG no retrospecto recente naquele mapa. Os americanos vieram ainda mais dominantes, fazendo 9-6 de CT e colocando mais 6 rounds em sequência de TR, abrindo 15-6 no placar.

Porém, novamente a genialidade e conjunto brasileiro entraram em ação. O round 22, que poderia ter dado a vitória à Liquid, terminou em uma vitória da dupla “Tacold” em um 2×2 contra Hiko e adreN. Se iniciava mais uma brilhante reação brasileira rumo à vitória no mapa. No round 26, quando o placar apontava 15-10, os brasileiros chegaram a usar duas AWPs, em FalleN e coldzera, e mais uma Scar-20, a famosa “teco-teco” em TACO.

O empate foi se desenhando e finalmente, o 15-15 foi atingido depois da LG vencer um 4×3, que resultou no 1×1 entre fnx e adreN, onde o americano ficou sem tempo de plantar. O jogo foi para a prorrogação após uma virada impossível da Luminosity. A Liquid teve 15 match points em dois mapas e não conseguiu converter nenhum deles.

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Elenco da LG comemorando com alguns torcedores após a vitória contra a Liquid (Foto: HLTV.org)

Os brasileiros fecharam o segundo mapa em 19-16 e se garantiram na final contra a NaVi. Para quem não assistiu esta MD3 em questão contra a Liquid, vale a pena pela emoção e tensão do jogo. Cada round virado e construído, sem chance alguma para erros por parte dos brasileiros.

Grande final

A final contra a NaVi seria a coroação de um time que bateu na trave em várias oportunidades anteriores. Como todos sabem, a LG se sagrou campeã em uma final vencida por 2-0. Porém, apenas o primeiro mapa reservou emoções para ambos os lados.

Mirage, escolhida pela LG, seria o palco do primeiro jogo da série. Após perder a primeira metade por 11-4, a LG fez mais um jogo de recuperação, conseguiu se aproximar, e até passar, no placar. O 15-15 se fez e novamente, a LG enfrentava uma prorrogação, mas felizmente, novamente venceu, dessa vez por 19-17.

GuardiaN, AWPer e maior esperança da equipe ucraniana, fez uma partida muito abaixo do comum. O sniper era conhecido por ser especialista no mapa, porém foi completamente anulado pelos brasileiros, ficando em último no scoreboard geral da Mirage, com 0.77 de Rating.

Após a decepção do primeiro mapa, a NaVi foi à Overpass abalada. Os desafiantes não ofereceram nenhum perigo, vencendo apenas 2 rounds em todo o mapa, com um placar final de 16-2 para a Luminosity e, pela primeira vez, o título veio às mãos brasileiras.

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Elenco brasileiro na cerimônia de premiação com o troféu do MLG Columbus 2016 (Foto: HLTV.org)

Mesmo com o mapa relativamente fácil, foi nítido o incrível jogo coletivo que a Luminosity demonstrou durante a final e durante todo o torneio. Todos os jogadores lideraram o scoreboard em determinadas partidas, com atuações brilhantes dos 5 integrantes e título mais que merecido para a conta.

Conclusão

O MLG Columbus foi o primeiro de muitos títulos brasileiros no CS:GO e o primeiro dos dois Majors conquistados pela mesma equipe, que mudou de organização antes de conquistar o bicampeonato, se tornando a SK Gaming.

O major foi um verdadeiro divisor de águas para o Brasil, que colocou definitivamente o país nos olhares do mundo de CS:GO e escreveu primeira página de uma das mais belas páginas da história do jogo.

Como brasileiro, é admirável ver a história ter sido escrita em frente aos nossos olhos, ainda mais com tanta emoção, entrega e dedicação dentro do servidor. Sem dúvida, a Luminosity de FalleN, fer, fnx, coldzera, TACO e zews ficou marcada para sempre na história do CS:GO, e claro, marcada para sempre nos corações dos brasileiros fãs desse jogo.

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Arena vista de cima, em jogo da semifinal entre LG e Liquid (Foto: HLTV.org)

Gostou do nosso TBT de hoje? Acha que o MLG foi o Major mais marcante da história do CS? Deixe seu comentário abaixo, sua opinião sobre o MLG Columbus e o que significou esse campeonato para você e para o CS:GO brasileiro. Deixe também sua indicação de tema para o próximo TBT do The Clutch.

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