Na contramão dos cenários femininos de jogos como VALORANT e CS:GO, que contam até com competições internacionais, no Rainbow Six Siege a modalidade é restrita a apenas uma competição por ano, o Circuito Feminino, que é limitado apenas às equipes brasileiras. Além disso, nas palavras de muitas atletas, a desenvolvedora não as valoriza adequadamente.
O The Clutch ouviu jogadoras e também ex-atletas da modalidade para entender um pouco do momento delicado do cenário feminino do Siege.
Eloá “ELO4” Bilinski, ex-jogadora da w7m e da Fnx, contou que a falta de apoio foi algo que precisou lidar quando fazia parte do cenário competitivo do game. “O único apoio que recebi quando jogava foi o dos meus pais e das orgs. A Ubisoft nunca nos deu nada”, conta ela.
Eloá tem apenas 17 anos e ainda sonha em jogar R6 profissionalmente, mas quando vê a situação do Circuito Feminino hoje, ela se sente “desanimada”. A jogadora confessa que “olhar para o CS:GO, LoL e até o VALORANT, cheio de competições internacionais e diversas oportunidades para as meninas, [o cenário] é desanimador”.
“Acho que a Ubisoft nem sabe o nome das minas que disputam o Circuito Feminino”, desabafa.
Quem também endossa esse discurso é a jogadora Danielle “Cherna” Andrade, que recentemente anunciou sua saída do R6. Em entrevista ao portal Rest of World, ela contou que “A Ubisoft só se preocupa com a liga feminina para o marketing da diversidade”.
Hoje, Cherna é streamer da INTZ e foi um dos grandes nomes do Siege feminino. A jogadora já defendeu a Black Dragons, onde conquistou o título do Circuito Feminino de 2019.
Agora, longe das competições organizadas pela Ubisoft, ela pretende se dedicar a alguma outra liga, bem como seu projeto social, a Associação Feminina de Jogos do Brasil (AFGB), que luta por melhores condições para as mulheres nos esports.
O The Clutch também ouviu a streamer Miranda, que hoje é criadora de conteúdo da TropiCaos, mas já jogou R6 profissionalmente pela equipe da INTZ. Ela contou que se afastou do cenário competitivo de R6, pois notou que era “perda de tempo”:
“Perdi o interesse de jogar profissionalmente quando vi que não era um investimento e sim uma perda de tempo”.
Ela conta que o retorno financeiro e a falta de competições internacionais foram os principais pontos que contribuíram para o seu afastamento do competitivo.
“Você treina todo dia pra poder competir, sendo que seu salário no fim do mês vai ser em torno de mil reais. Além do mais que (até o dia de hoje) não se foi divulgado em outras regiões um Circuito Feminino, para que tornasse possível um mundial da categoria”, afirma.
“A Ubisoft tem muita coisa pra aprender com a Riot, não só no cenário feminino mas em geral. A Riot soube tornar o feminino um cenário financeiro atrativo pra as orgs. Vemos LOUD, B4, Liquid e outros nomes investindo, pois sabem que existem campeonatos grandes e com visibilidade, coisa que a Ubisoft não realizou”, completa.
Infelizmente, esse sentimento de frustação está em grande parte (talvez todas) das profissionais da modalidade. O The Clutch ainda foi atrás de outras ex-jogadoras, mas escutou muitos “não quero me envolver em nada que seja relacionado com esse jogo”.
Luli, a melhor jogadora de 2022, ainda decide se continuará no R6
A forma apática como a Ubisoft trata o cenário feminino pode ainda render a perda da melhor jogadora de R6 de 2022. Lucia ”Luli” Campello, IGL da w7m, contou em entrevista recente ao The Clutch um pouco da dificuldade que encontra para se manter no cenário.
“Gostaria que abrissem a Liga Brasileira para o LATAM, isso ajudaria bastante. Já estamos pedindo isso há 2 anos no mínimo, não é só no Brasil que tem boas jogadoras. Teríamos novas equipes e uma mistura incrível se liberassem para todas jogarem. Além de que, ter que abandonar a família para jogar o Circuito Feminino [no Brasil], não é algo que todas podem ou conseguem fazer”, desabafou.
E aí, Ubisoft?
Recentemente, a Ubisoft anunciou grandes novidades para o competitivo do Siege. Entretanto, nada foi criado para alavancar o cenário feminino e inclusivo.
Disputar uma vez por ano apenas uma competição restrita ao Brasil e brigar em um qualificatório para Major com equipes de organizações grandes, com uma grade enorme de treinos e competições nacionais e internacionais, não seria meio que jogar cordeiros numa jaula de leões?
Final presencial no palco da CCXP é muito bom, mas é apenas isso mesmo que a Ubisoft pode oferecer para as meninas que vivem pelo R6?
O cenário feminino de R6 está morrendo e é preciso agir logo! Olhem para os lados, vejam os bons exemplos e entreguem para as jogadoras o que elas não receberam até hoje: reconhecimento!
A ubisoft assiste o fim do R6 em si, só patch note de origem duvidosa, hitbox da cabeça dos operadores bugs de vez em sempre, bugs de o jogo simplesmente CONGELAR rolando por uns 6 meses e sem solução, audio do jogo todo confuso
É infelizmente está é uma realidade que vem sendo demonstrada a todo instante!!!! Gosto muito de acompanhar o competitivo do R6, porém, notamos diferenças entre o competitivo masculino e feminino!!! Pois no masculino a ubsoft disponibiliza vários drops e no feminino nada!!! Acho que deveriam analisar estas coisas simples e colocar os mesmos padrões até para chamar a atenção para o competitivo feminino também!!! Sou player de console, o qual tem revelado bastantes competidores!!! Ubsoft vamos abrir a carteirinha aí e melhorar o âmbito do jogo para ele não morrer igual ao “Extraction”!!! Forças minas vc’s são do baralho!!!!