Lives de gameplay com patrocínio de apostas e links de afiliado para jogos online se tornaram comuns em canais de streamers populares. Figuras conhecidas do universo gamer, como fnx, Jon Vlogs e Nobru, têm promovido títulos associados a apostas em suas transmissões, influenciando milhares de seguidores, principalmente jovens, a acessarem essas plataformas.
Mais do que uma simples parceria, a prática virou uma estratégia de monetização sólida: em vez de depender apenas de anúncios ou do apoio do público, muitos criadores passaram a ganhar comissões por cada novo usuário que se cadastra ou aposta nos sites recomendados por eles.
Como funciona a monetização por links de afiliados
A principal forma de remuneração para os streamers que divulgam esses jogos está no sistema de afiliados. Funciona assim: a cada novo usuário que acessa o site por meio de um link personalizado e realiza um depósito ou aposta, o criador de conteúdo recebe uma porcentagem — normalmente entre 30% e 40% do valor investido. Em alguns casos, essa comissão continua sendo paga a cada novo depósito feito pela mesma conta vinculada ao link do influenciador.
É uma mecânica comum no marketing digital, mas que encontrou terreno fértil no universo das lives. O engajamento em tempo real, aliado à estética chamativa dos jogos, torna o formato atrativo tanto para criadores quanto para o público, especialmente o mais jovem.
Crash games como o Aviator, roletas e outros formatos populares
Entre os jogos mais promovidos, estão roletas, slots e os chamados crash games, que oferecem partidas rápidas com alto potencial de retorno — e também de perda. Esses jogos são projetados para prender o jogador na tela, com gráficos apelativos e mecânicas simples.
O principal exemplo é o Aviator, título da Spribe que lidera entre os crash games no Brasil. Segundo dados da KTO, o jogo manteve a primeira colocação em março, mesmo com uma leve queda na participação: de 12,88% para 12,67%.
Diversão, não promessa de lucro
Apesar do apelo visual, da emoção em tempo real e da promessa constante de grandes ganhos, esses jogos devem ser encarados como uma forma de entretenimento, e nada além disso. A realidade é simples: a chance de perder é maior do que a de ganhar, e a estrutura desses jogos é pensada para favorecer sempre a casa.
Quando esse tipo de conteúdo é apresentado de forma descontraída por influenciadores carismáticos, com bônus chamativos e supostas “estratégias infalíveis”, os riscos acabam ficando em segundo plano. O problema é que, nesse cenário, a linha entre jogar por diversão e apostar esperando retorno rápido pode desaparecer — especialmente para quem está começando.
Divulgação dos jogos levanta discussão sobre regulamentação
Nos bastidores, a forma como streamers e influenciadores promovem esse conteúdo também entrou no radar político. Após casos de fraude envolvendo roletas e a repercussão da multa aplicada ao CEO da VKS por um post de aposta, cresceu a pressão sobre esse tipo de parceria e publicidade. Uma das propostas em discussão é a de certificar influenciadores digitais que trabalham com jogos de aposta, com o objetivo de estabelecer critérios de responsabilidade e ética. A ideia é que criadores de conteúdo passem por um processo de avaliação antes de poder promover tais jogos.