2018 no CS:GO brasileiro: um ano para esquecer

Sem dúvidas, 2018 não foi o ano dos brasileiros no Counter-Strike. A nação verde e amarela acumula decepções e trocas de line-ups que não surtiram o efeito esperado. Desde janeiro, nenhum título de expressão foi conquistado pelos nossos representantes no cenário mundial de CS.

Mas qual é o problema de 2018? O que houve com o Brasil nesse ano que não conseguimos repetir as atuações de 2016 e 2017, onde fomos considerados os melhores do mundo?

Retrospectiva 2017 e início de 2018

Ao fim de 2017, a SK Gaming (hoje MIBR) era o time a ser batido. Disparadamente a melhor equipe do mundo. O elenco, que contava com o trio da MIBR (FalleN, cold e fer) e a dupla boltz e TACO, vivia uma fase muito boa nas férias de fim de ano. Depois da adição de boltz, em outubro de 2017, a equipe faturou três títulos em quatro grandes eventos:

  • EPICENTER 2017: em uma das finais mais memoráveis da história do Counter-Strike, contra os poloneses da Virtus.Pro. Vitória por 3-2.
  • IEM Oakland 2017: derrota por 2-1 para NiP nas semifinais em uma série muito apertada.
  • BLAST Pro Series Copenhagen 2017: FalleN prometeu transformar a arena da cidade dinamarquesa em uma biblioteca, de tão silenciosa. Cumpriu a promessa, ao vencer a dona da casa Astralis por 2-1 na final.
  • ESL Pro League Season 6 Finals: partida teoricamente fácil para os brasileiros contra a FaZe Clan, já que fer deu uma entrevista e disse que a SK esperava um 3-0 naquela partida. A vitória veio por 3-1.

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Com esses títulos, a SK era a favorita ao ELEAGUE Major Boston 2018, mas havia um “pequeno” problema: boltz jogou as fases preliminares do Major pela Immortals, então não poderia atuar no evento vestindo a camisa da SK. Portanto, felps (a quem boltz substituiu) foi chamado para atuar em Boston. Apesar de estar com um stand-in e quase não ter treinado, a SK conseguiu um 3-4º lugar, sendo eliminada na semifinal pela campeã Cloud9.

Antes de avançarmos no tempo, é preciso relembrar a situação da 100 Thieves também. A equipe que seria composta por HEN1, LUCAS1, fnx, bit e kNgV-, desistiu da vaga no Major (que tinham garantido por terem sido vice-campeões no PGL Krakow 2017) e abdicou da disputa, alegando problemas com vistos para entrar nos EUA.

Estamos tristes em anunciar que por problemas de imigração, o time de CS:GO da 100 Thieves não comparecerá no próximo Boston Major. É evidente que isso é devastador para os jogadores e para nós. Sentimos muito por eles e pelos fãs.

A situação ficou insustentável após a polêmica de kNgV- com o analista inglês Thorin, que acusou o brasileiro de homofobia e cobrou uma posição da organização norte-americana. Logo após o ocorrido, o AWPer foi demitido da organização, que alegou “conduta e linguagem inapropriada” do brasileiro, e consequentemente, uma semana depois, os outros jogadores também foram liberados de seus contratos. Os profissionais acabaram indo para a NTC (sem kNgV-) e se aliaram a felps, que tinha saído da SK Gaming.

Passadas as polêmicas do Major, os SK voltaram a ser os melhores, pois a maior parte da comunidade mundial dizia que se eles tivessem jogado o evento principal com boltz, teriam sido campeões. Mas agora, as atenções se voltavam aos próximos campeonatos, onde os brasileiros novamente eram apontados como favoritos. Entretanto, o favoritismo não se concretizou:

  • cs_summit 2: eliminação na semifinal contra a Team Liquid por 2-0.
  • StarLadder & i-League StarSeries Season 4: eliminação nas quartas de final por 2-1, novamente contra Team Liquid.
  • IEM Katowice 2018: eliminação ainda na fase de grupos, contra a Cloud9, por 2-1.
SK Gaming na derrota contra a Cloud9 no IEM Katowice (Foto: HLTV)

O time sofreu três eliminações de forma precoce, duras e contra adversários locais, da América do Norte (NA). O que dava esperança aos torcedores era que o evento de maior premiação do ano tinha chegado, a WESG 2017 (mesmo sendo realizada em 2018). Este evento era prioridade no calendário dos brasileiros e essencial para se manterem como os melhores do mundo. Mas não foi o que ocorreu.

Com uma vitória por W.O. contra a equipe NEW4 e duas derrotas para a Seleção Russa (16-10) e BIG (16-11), a SK Gaming vivia um filme de terror em suas cabeças. Se prepararam praticamente por três meses para o evento e foram desclassificados ainda na primeira fase. Foi a partir desse momento que tudo começou a ruir da forma que estamos vendo hoje.

Saída de TACO e formação de um elenco multinacional

TACO pediu para sair da equipe. Muitos dizem que ele foi kickado, mas a versão oficial do próprio jogador é que ele pediu para ser afastado. Então, começou a busca por um novo nome. Foram sondados jogadores consagrados do cenário brasileiro, como steel, LUCAS1 e HEN1. Também foi estudada a jovem promessa trk, jogador da Team One, mas por conta de valores em sua multa (leia o artigo sobre as multas: clique/toque aqui), o promissor rifler de 22 anos não entrou para a equipe.

Outros nomes foram especulados, a maioria internacionais. Boatos apontavam NiKo, rain e até shox. Os fãs se encheram de esperança mesmo ao saber da notícia de que s1mple e flamie (ambos da NaVi), seriam contratados para o lugar do afastado TACO e de boltz, que não agradava em desempenho.

Mas como nada foi fácil nesse 2018, a notícia não se confirmou e a dupla da NaVi não fechou contrato. Para a surpresa de muitos, o americano Stewie2k, ex-Cloud9 e na época, atual campeão do Major, foi contratado.

Stewie2k ao ser contratado pela SK Gaming (Foto: SK Gaming)

A mudança agradou no início e muitos esperavam muita química de Stew com os brasileiros. Mas é de conhecimento de todos que não foi isso que ocorreu. A equipe continuou com um desempenho muito abaixo do esperado, mesmo já tendo boatos da transferência para a organização Immortals, para atuar com a tag MIBR.

  • 9-12º na DreamHack Marseille
  • 13-16º na IEM Sydney
  • Eliminação na fase classificatória da ECS Season 5
  • 5-6º na ESL Pro League Season 7 Finals
  • 5-8º na StarSeries & i-League CS:GO Season 5
  • 3-4º na ESL Belo Horizonte 2018

Apesar dessas decepções, os brasileiros conquistaram dois torneios de menor importância: a Adrenaline Cyber League 2018, vencendo a Avangar na final por 3-1, e a Moche XL Esports, com vitória de 2-0 sobre a HellRaisers.

A nova Made in Brazil

A tão falada transferência para a MIBR chegou. Os cinco players agora atuariam sob nome de uma lendária tag que representou muito bem o Brasil no CS 1.6. Porém, a pressão sobre os ombros dos jogadores era enorme, tão grande que um novo mau resultado poderia acarretar em novas mudanças no elenco.

Chegando a ESL Cologne 2018, os brasileiros eram pressionados por resultados. De nova organização, esperava-se que o desempenho melhorasse. Entretanto, a nova camisa não deu novos poderes ao quinteto e eles caíram para a BIG, por 2-1, ainda na primeira fase.

Após o desastre na Alemanha, a line-up afastou boltz e trouxe o americano tarik para o lugar, gerando mais revolta na comunidade brasileira, que já não gostava o fato de um americano defender as cores da Made in Brazil. Agora, teriam que lidar com dois jogadores de fora do país representando “seleção brasileira de CS”.

MIBR dá boas-vindas ao novo jogador, Tarik (Foto: MIBR)

Nesse meio tempo de troca de organizações, o segundo na linha de sucessão era a Luminosity Gaming, que trocou dois jogadores do time. PKL e SHOOWTiME deram lugar aos gêmeos LUCAS1 e HEN1, que foram dispensados da NTC.

Parece que a LG seguia os passos da “irmã mais velha” MIBR, pois trocava de jogadores e os resultados eram os mesmos. Os irmãos Teles e companhia ainda conseguiram um vice-campeonato na DreamHack Valencia 2018, ao perder para a desfigurada, e atuando com stand-in, North. Os dinamarqueses atropelaram a Luminosity por 16-7 e 16-9 para faturar o título do evento espanhol.

Voltando à MIBR, o quinteto atuou junto pela primeira vez no ELEAGUE CS:GO Premier, mas não foram além da fase de grupos, ao perderem duas vezes para Team Liquid, que já contava com o ex-SK TACO em sua equipe desde abril.

Após a desclassificação, a organização trouxe temporariamente o analista sérvio YNk para atuar como técnico. Já no primeiro evento, a ZOTAC Cup Masters, a line-up venceu a Team Kinguin na final por 3-0 e sagrou-se campeã.

YNk, novo técnico da MIBR (Foto: MIBR)

Na DreamHack Stockholm, os comandados de FalleN foram até as quartas de final e saíram da disputa após uma derrota para a avassaladora Astralis, por 2-0. Então, agora sim chegaria o maior teste deste time: o FACEIT Major: London 2018.

FACEIT Major 2018 e BLAST Pro Series

No evento mais importante do segundo semestre, a expectativa era grande em cima da MIBR, apesar de nem serem considerados como possíveis candidatos ao título. Isso foi até bom para tirar o peso das costas dos atletas, mas não isentou a responsabilidade de fazer uma boa companha e se firmar entre os melhores.

Após uma primeira fase com altos e baixos e uma partida fácil nas quartas de final contra a compLexity, os três brasileiros e dois americanos se chocaram com a NaVi, número 2 do mundo. Nossos garotos não foram além e sucumbiram a s1mple e seus amigos por 2-0.

Entrada da MIBR para a partida contra Natus Vincere (Foto: HLTV)

Com a derrota no Major, a desconfiança chegou de forma concreta. Ninguém sabia o que esperar mais desse time, se vingaria ou se seria mais uma line-up que duraria alguns meses e viraria apenas passado.

Na BLAST Pro Series: Instanbul, os brasileiros foram bem e chegaram à final, contra a campeã do Major, Astralis. Os dinamarqueses haviam aplicado 16-0 na MIBR no evento de Londres, a primeira vez que um resultado desse acontecia nos Majors de CS:GO.

A final aconteceu, e confirmando as apostas, a Astralis venceu, mas para a surpresa de muitos, a MIBR perdeu por 2-1, com um apertado 16-14 no último mapa, vencido pelo time escandinavo. Era o resultado que muitos precisavam para afirmar que a MIBR “estava de volta” e que seriam os melhores do mundo novamente em pouco tempo.

Mas 2018 não foi o ano para nós brasileiros torcermos por CS.

Pausa e IEM Chicago

Após uma pausa de um mês aproximadamente dos torneios presenciais, chega a BLAST Pro Series Copenhagen 2018, onde ano passado, os brasileiros calaram a arena e venceram a Astralis, dando origem ao meme “FalleN, the Bad Librarian”.

Porém, após cinco derrotas em cinco jogos, para Astralis (16-14), Cloud9 (16-13), NiP (16-4), NaVi (16-14) e FaZe (16-7), a desconfiança da torcida brasileira voltou como um meteoro que caiu sobre a estrutura de um time ainda em construção. A line-up precisava de um resultado bem convincente na IEM Chicago para afastar a crise.

Após uma linda virada sobre a Renegades no primeiro jogo, a MIBR enfrentou a FaZe em seguida. Derrotada por 2-1, em um primeiro mapa de recuperação, mas derrota por erros de estratégias que custaram a partida.

A decisão seria contra a NRG. Vitória no primeiro mapa por 16-10 e todos achando que seria tranquilo. Segundo mapa, derrota por 22-18, após recuperação e problemas na prorrogação, que deram a vitória ao adversário. Terceiro mapa, vitória convincente da NRG, por 16-11 e crise total nos MIBR.

Integrantes da MIBR após a eliminação em Chicago (Foto: HLTV)

Também no IEM Chicago, a Luminosity começou mal, perdendo para Liquid, mas se recuperou após vencer a Avangar e eUnited, ambas por 2-0. A eliminação veio em uma derrota para a mousesports por 2-0.

O que esperar do futuro para o CS brasileiro?

E agora? O que será do futuro do Counter-Strike brasileiro?

Há times muito promissores como Team One, Furia e INTZ, que possuem fortes candidatos a serem grandes jogadores, como trk e kscerato. Vontade, com certeza, não falta para os brasileiros voltarem ao topo.

A MIBR com dois americanos é o ideal? Talvez não seja, mas é fato que a internacionalização das equipes de CS está cada vez maior, como citado em um artigo anterior (clique/toque aqui para ler).

Outro fato é que a comunidade brasileira deseja muito a volta de cinco brasileiros ao topo do jogo e, para isso, tarik e Stew teriam que dar lugar a dois jogadores da terra canarinho. Qual dupla seria legal de ver na MIBR? Como poderiam se ajustar as line-ups para que o Brasil voltasse ao topo do mundo? Deixe sua opinião nos comentários abaixo.

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