arT: “É muito, muito difícil viver de CS no Brasil”
Após conquistar tudo pelo Brasil, a FURIA recentemente se mudou para o cenário norte-americano. Em entrevista concedida ao The Clutch, Andrei “arT” Piovezan, capitão do time, nos contou sobre como tem sido a adaptação da equipe nos Estados Unidos, a rotina de treinos e também comentou sobre a cena nacional.
Como está sendo morar longe de casa? O que você mais sente falta do Brasil?
Está sendo uma experiência única, você amadurece muito rápido tendo que se virar aqui. Estou a pouco tempo aqui, então as saudades estão batendo aos poucos. Até agora senti falta da família, da namorada, dos amigos, do meu gato e da erva-mate que acabou.
Quais as principais diferenças entre o cenário brasileiro e norte-americano?
Aqui, os treinos são levados muito mais a sério, é tudo pontual. No Brasil era um problema diário. Também há muito mais times em um nível que no Brasil seria considerado top 3, aqui nos EUA são top 30. Ninguém é bobo.
A FURIA tem feito algum trabalho diferenciado em busca de resultados ou continuam os mesmos passos dados no Brasil?
Um pouco de cada. Acreditamos no nosso estilo de jogo e agora estamos aperfeiçoando-o e adaptando-o para a realidade norte-americana.
Você teve a oportunidade de estar na ESL One BH. Como viu o envolvimento do público com o evento e os jogadores?
Sem dúvidas foi uma das melhores experiências da minha vida. Quem já foi sabe que o público, principalmente brasileiro, torce muito. Mas o que me impressionou e me deixou muito feliz, foi a quantidade de pessoas que veio nos cumprimentar, tirar foto ou pedir autógrafo. Foi absurdo! Eu jamais imaginava ter tamanho reconhecimento, foi muito foda.
Acredita que o Brasil está pronto para receber um Major?
Com toda certeza, os eventos passados provam isso.
O que precisa melhorar no cenário brasileiro, tanto na parte de espectadores como empresas, para trazer mais investimentos e eventos desse porte?
É tanta coisa que eu não sei nem bem por onde começar, infelizmente.
O que eu enxergo como um começo, é a necessidade de mais público em competições nacionais, para gerar interesse de investidores e fazer o ciclo girar. Acho que personalidades como o Gaulês são um começo pra isso. CS tem muito público, mas precisamos de pessoas para catalisar esse público para o nosso cenário, gerando mais audiência e por consequência mais investimento.
A partir daí a coisa fica mais complexa, mas acredito que isso seria um pontapé para o ciclo começar a rodar naturalmente.
Falando de você um pouco. Qual a maior dificuldade em executar a função de IGL?
Pra mim, que sou muito ativo e agressivo no mapa, é conseguir organizar o time enquanto foco e faço meu jogo. Se eu peco em alguma dessas duas coisas, prejudico muito o time. Então priorizo meus esforços pra manter esse balanço.
Tem alguém no cenário que te inspira nessa função?
O FalleN é a maior inspiração nesse quesito. Assim como eu, ele também tem duas responsas muito grandes, como capitão e como awper, e também precisa manter um balanço saudável dos dois. E a história prova que ele conseguiu, então com certeza ele é um exemplo a ser seguido.
Espero um dia poder trocar uma ideia com ele sobre CS, com certeza eu aprenderei muita coisa.
Qual o maior desafio que os jogadores profissionais enfrentam no cenário brasileiro?
A falta de investimento. Por experiência própria, é muito, muito difícil você viver de CS no Brasil. Infelizmente você fica no vão entre viver o seu sonho ou sobreviver.
Muita gente que tinha futuro largou o CS pra trabalhar ou fazer faculdade. Se tivesse mais investimento, com certeza teríamos mais colds por aí, mas infelizmente no Brasil o buraco é mais embaixo.
Gostaria de deixar algumas palavras finais?
Gostaria de agradecer o portal The Clutch Esports pela entrevista. É muito importante para nós, um time em ascensão, ter esse espaço. E obrigado também a quem leu até o final.
Falou muito bem, Art. Concordo com tudo. Mas mesmo morando longe da família, amigos e gato, torço muito para dar certo. Um forte abraço da mamis. Go Furia!!!