Internacionalização dos times: um caminho cada vez maior

Com a crescente expansão do Counter-Strike, as mudanças que ocorreram desde o início das competições são bem significantes. Lançado em 2012, o CS:GO passou por alterações que tornaram o jogo completamente diferente do que era no início: mudanças em mapas, sons, texturas, armas, skins (não que isso influencie) e talvez a mais importante mudança, nos próprios jogadores.

No primeiro Major de CS:GO, víamos times fortíssimos que eram candidatos ao título, equipes entrosadas, lendárias e que ainda experimentavam e se adaptavam ao novo jogo e à nova forma de jogar.

Já ouvi de muitas pessoas que no início, o jogo era melhor de se assistir, era mais empolgante e mais emocionante. Penso que isso é apenas nostalgia ou saudade de ver equipes como Fnatic de Pronax, Virtus Pro e suas cinco lendas, NiP com Friberg e até mesmo a nossa brasileira Luminosity Gaming, campeã do MLG Columbus. Porém, a evolução que o CS:GO sofreu, trouxe um cenário bem parecido com o futebol na competitividade.

Antes, esses times, assim como a grande maioria, eram formados por cinco jogadores do mesmo país ou mesma região (como exemplo, a América do Norte), o que hoje em dia não é mais regra.

Ao analisar o atual ranking da HLTV, vemos a Astralis, inteiramente dinamarquesa, soberana no topo, provavelmente por todo trabalho realizado desde 2013, conforme já escrevi no artigo “Astralis: uma história de sucesso”.

No segundo posto, vemos a Natus Vincere, com três ucranianos e dois russos, o que pode ser considerado um time formado por jogadores da mesma região, apesar das diferentes nacionalidades. Mas ao passarmos para a terceira posição, encontramos a Liquid, com dois americanos, dois canadenses e o brasileiro TACO. É uma pequena, mas já presente, internacionalização.

A partir desse ponto, fica ainda mais comprovado tal fato quando passamos para o quarto e quinto lugar, com FaZe e mousesports. Se pegarmos os dez jogadores desses times, nenhum deles é do mesmo país que o outro, ou seja, temos dez nacionalidades diferentes em dez jogadores possíveis.

mousesports em ação durante a ELEAGUE (Foto: HLTV)

A internacionalização torna a história do CS:GO bem parecida com a dos esportes em geral, pois nas décadas de 50-60, até o começo da década de 90, os principais times de futebol do planeta eram formados por maioria de jogadores nascidos no próprio país (times brasileiros formados por jogadores brasileiros, times ingleses por ingleses, e assim por diante), mas este cenário mudou conforme os clubes foram ganhando poder aquisitivo e conseguindo contratar os melhores de outros países.

E isto não está sendo diferente no CS. A própria mousesports tinha uma line-up prioritariamente alemã há mais ou menos 2 anos, mas a adição de NiKo fez com que o time mudasse seu idioma de comunicação, o que facilitou na contratação de jogadores estrangeiros, como Oskar, Ropz (substituto de NiKo) e Sunny.

No caso da FaZe, eles são originários da Kinguin, que na época foi a primeira organização de expressão a internacionalizar seu elenco, com Maikelele, Rain, Scream, Fox e Skytten (que foi substituído por Dennis após dois meses). Esta equipe, logo depois virou G2 Esports e continuou com as mudanças internacionais, como o norueguês jkaem no lugar de Scream, depois Aizy no lugar de Dennis e logo após isso, foram contratados pela FaZe Clan.

Elenco da Kinguin 2015 (Foto: HLTV)

Depois disso, todos sabem da história. Várias mudanças ocorreram até a organização se tornar uma potência mundial, principalmente com a formação atual de Karrigan, Guardian, Olofmeister, Niko e Rain (que está no elenco desde maio de 2015).

O caminho do Counter-Strike e dos esports em geral, é a contratação de jogadores de diferentes partes do mundo e adotar o inglês como idioma padrão, pois, com o cenário gerando cada vez mais dinheiro, é preciso entender que cada mais dinheiro será investido. Se coloca mais dinheiro para ganhar mais dinheiro. Que organização, se tivesse dinheiro ilimitado para gastar, não gostaria ter NiKo, S1mple, coldzera, device e FalleN, todos no mesmo time?

Quanto mais dinheiro é investido no jogo, mais retorno o investidor exige, e isso significa que ele fará o máximo para ter os melhores e mais preparados jogadores para competir e serem consagrados como melhor time do mundo. Basta ver o exemplo da FaZe novamente, que contrataram muitas estrelas para poder atingir o posto de time número 1 do ranking.

Como toda regra tem sua exceção, não são todos os times que seguiram esta proposta e sabemos que, provavelmente, os mais bem estruturados em questão de manter o elenco e preparar a equipe para o que der e vier, são os que vão na contramão dos internacionais. São os que seguem firmes e fortes com cinco jogadores de uma região e que falam sua língua nativa, a exemplo da Astralis ou NaVi.

No entanto, a internacionalização é um caminho que muitos seguem, um percurso que principalmente as organizações mais ricas e conhecidas vão construir até chegarem ao topo. Em muitos casos, leva tempo, como FaZe e mouz, mas os frutos chegam. Nada é de imediato no CS, pois é uma competição árdua, com adversários fortes, talentosos e que se doam ao máximo para, quem sabem, um dia serem chamados de melhores.

Nenhum time chega ao topo por acaso. São profissionais por trás da tela, são jogadores bem pagos para fazerem o que fazem de melhor, jogar Counter-Strike e representar um país ou organização.

Nos dias de hoje, porém, representar uma organização que tenha muitos fãs, mesmo sem a identificação com uma só nação, é algo cada vez mais comum e tende somente a crescer. A internacionalização veio para ficar.

Total
0
Compartilhamentos
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

melhores cassinos online melhores cassinos online