O que o Major precisa para voltar a brilhar

Ao começarem os Minors, sabemos que o Major de CS:GO se aproxima. Times do mundo inteiro disputam uma tão sonhada vaga no maior palco de Counter-Strike do mundo, onde poderão mostrar seu valor e dedicação pelo nosso amado jogo.

O Major sempre foi considerado o campeonato mais importante da temporada, e ainda é, porém quem acompanha o cenário há mais tempo e assistiu aos 2013, 2014, bem no começo do CS:GO, se lembra o quanto eles eram empolgantes e como era a vontade de assisti-los.

Embora não tivéssemos muita mídia e nem premiações milionárias como hoje em dia, os antigos pareciam melhores e tínhamos mais vontade de acompanhá-los.

Por isso, para entender esse sentimento que ocorre não só com o público, mas também com os jogadores, é preciso analisar pontos cruciais que o Major ainda peca e como eles podem ser melhorados.

Local

No começo, os Majors eram realizados em países e arenas com torcidas fanáticas, que traziam muita empolgação ao evento. Hoje em dia, os eventos são realizados muito mais baseados em dinheiro e no número de patrocínios que isso pode gerar. Acaba que vemos um Major como o ELEAGUE 2017, que teve um público de somente 5 mil pessoas na final, muito abaixo do que um evento desse porte tem a capacidade de levar.

Com a realização do primeiro Major de 2019 em Katowice, a tendência é que tenhamos novamente um grande público e a arena lotada, já que é um país com enorme tradição no CS:GO. Basta ver se a Valve irá manter esse critério e quem sabe não levar um campeonato até a China, por exemplo, que vem registrando picos altíssimos de audiência.

Premiação

Desde o início do CS:GO, a premiação dos Majors não mudaram tanto quanto esperado e nem acompanharam o crescimento dos esports e do próprio jogo. O prêmio total no início era de 250 mil dólares, divididos entre todas as equipes, e atualmente é de um milhão. Pode parecer uma mudança significativa, mas ainda é minúsculo perto do que a Valve e os organizadores poderiam premiar.

Se compararmos com o The International de DotA 2, por exemplo, o primeiro, no ano de 2011, premiou 1.6 milhão de dólares, e o último, incríveis 24 milhões. E estamos falando da mesma produtora.

Apesar de DotA ter a maior premiação dos esports, em outros jogos a discrepância também é alta. Em League of Legends, o mundial premiou $ 1 milhão para o vencedor…em 2015! Ano passado, a Samsung Galaxy, campeã, levou $ 1.5 milhão para casa.

E como mudar isso? Usar a venda dos produtos do mercado da Steam na premiação, como adesivos, skins e tudo o que é vendido por lá, foi uma jogada genial e deu uma importância enorme ao The International, além de conectar fãs com jogadores profissionais, mesmo que de maneira indireta. Por que não fazer o mesmo no CS:GO e elevar o Major a um patamar nunca antes visto?

Stickers e itens do mercado

Deve ser incrível ter um adesivo com seu nome, com seu time, mostrando a todos que você jogou, participou e marcou seu nome na história do jogo. É por isso que o sistema de stickers foi criado, para que os fãs pudessem mostrar seu apoio ao seu jogador ou time preferido e, além disso, ajudá-los financeiramente, pois uma parte das vendas se destina ao jogador e organização.

Porém, no último Major, com as mudanças no formato dos jogos, a Valve inflou o campeonato e times menores e menos conhecidos também foram premiados com adesivos. O que antes era exclusivo para as 16 equipes da fase principal, agora foi expandido para as 24 que participam de todas as fases.

Além de encher o mercado de itens, perde-se a importância e a notoriedade de se ter uma peça do Major. A Valve ganha mais vendas, mas os times não.

Formato de jogo

Há de se convir, o formato adotado atualmente é longe do ideal. O sistema suíço melhor de 1, que qualifica quem vencer três de cinco partidas possíveis e elimina quem perder três, por muitas vezes premia quem tem um map pool raso e prejudica times mais completos.

Imagine a seguinte situação: o time A, top 5 do ranking da HLTV, joga muito bem cinco dos sete mapas. O time B, top 20 do ranking, joga mal três deles, razoavelmente outros três e realmente bem apenas um mapa. No formato suíço, esses times se enfrentando, podem jogar qualquer mapa, porque ambos os times vetam três vezes, o que tira qualquer possibilidade do time B jogar um mapa ruim de sua rotação. E isso é péssimo, sabe por que? Porque times mais bem preparados devem levar vantagem, sim!

Um exemplo disso foi o PGL Krakow 2017, onde a BIG jogou apenas Inferno, seu melhor mapa, e se classificou para os playoffs, ganhando ainda por cima o status de Legends, que garante vaga no Major seguinte.

Vale ressaltar que, se as partidas fossem MD3, ajudaria na melhora do formato, mas não resolveria.

O sistema GSL, com grupos de quatro times, onde dois avançam para próxima fase, e partidas eliminatórias e classificatórias em MD3, na minha opinião seria o ideal.

Vistos

No último Major, ELEAGUE 2018, vimos muitos problemas com visto dos atletas. BnTeT, jogador da TyLoo, foi impedido de ingressar nos Estados Unidos, fazendo com que sua equipe desistisse do campeonato.

Os EUA, inclusive, deve ser o país mais difícil do mundo para visitantes entrarem, pois possuem uma política de vistos muito rígida e burocrática. Seria ele o país ideal para se realizar o maior campeonato de CS:GO do mundo?

Para o próximo Major, a FACEIT fez com que as equipes dos Minors competissem presencialmente em Londres, evitando assim que surgissem novas TyLoos. Lição aprendida!

Roster Lock

A expressão inglesa, que significa de forma literal uma “trava de elenco”, é uma forma da Valve manter os jogos justos, digamos assim. Nenhum participante que jogou por uma equipe, em qualquer etapa do Major, seja os qualificatórios abertos ou Minors, poderá jogar o evento por outro elenco.

Pode até fazer sentido lendo assim, mas em um jogo tão dinâmico como o CS:GO, onde trocas de jogadores é uma constante, essa regra perde seu valor.

Com o desmanche da Immortals em 2017, steelega foi para a Team Liquid e boltz se juntou à SK Gaming. A equipe havia sido eliminada no classificatório para o Minor das Américas, ou seja, ainda em uma fase muito além do evento do principal, mas seus jogadores foram impedidos de jogar o Major. Assim, tanto a Liquid quanto a SK tiveram que jogar com substitutos e tiveram desempenhos bem abaixo do esperado.

Mesmo que a intenção da Valve seja nobre, com certeza uma flexibilização da regra do elenco é necessária. Times de CS:GO não possuem substitutos, como na maioria dos esportes tradicionais, então aquisição de jogadores e trocas é algo muito comum e não pode ser tratado como uma ameaça.

Datas

Desde 2016, acontecem dois Majors por ano, um deles nos meses iniciais, logo após as férias de inverno dos jogadores e, outro entre julho e setembro, também logo depois das férias, dessa vez de verão. Isso traz uma complicação muito séria.

Como os Majors estão sendo realizados em início de temporada, isso prejudica muito a preparação dos times para o evento. Com o calendário de eventos puxado, os atletas sentem a necessidade de se desligar por um tempo e isso, obviamente, afeta sua performance na volta. Se eles tem que jogar o campeonato mais importante da temporada logo de início, só lhe restam duas opções: treinar nas férias ou chegar com a preparação comprometida.

Isso poderia ser simplesmente resolvido com mudança de datas. O Major deveria ser algo especial e icônico, e na minha opinião, deveria realizado apenas uma vez por ano, preferencialmente entre maio e junho, no fim da temporada. Porém, se a Valve quiser realizar dois por ano, que ao menos faça nas datas certas, um por volta de novembro e outro entre maio e junho, o que facilitaria muito na organização e preparação das equipes para o torneio.

Conclusão

Em resumo, os Majors de Counter-Strike perderam seu prestígio ao longo dos anos pela falta de inovação e interesse da Valve em transformar seu jogo em um grande esport. Eles pararam no tempo e não acompanharam a evolução do jogos eletrônicos em geral.

Para o Major voltar a brilhar, precisamos de um novo formato, premiações maiores, locais com fãs apaixonados e datas melhores. Se continuarmos nesse ritmo, estaremos fadados a transformar o maior campeonato do mundo de CS:GO em somente mais um entre tantos no calendário.

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Comentários 1
  1. Concordo com muita coisa dita. Porém datas são coisas difíceis de acertar, pois cada time tem suas preferências… Agora, os valores devem ser analisadas porque tudo é gerado por patrocinadores. Agora se querem melhorar a premiação acredito que só pode ser melhorado se for baseado no futebol.
    Todos sabem que futebol só é milhonario porque o número de pessoas que assiste é grandioso e obviamente gera um valor consideravelmente grande. Então para se tornar melhor realmente, o caminho está em realizar os eventos em locais que esse número de telespectadores assim como diz aqui no site.
    Essa é a minha opinião.

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