Desde a saída de Zews, a SK/MIBR estava sem um coach. O trabalho sempre foi realizado pelo próprio FalleN em parceria com coldzera, principalmente na parte de criar as táticas e chamá-las durante a partida.
Zews saiu do posto em meados de 2016 e desde então, a vaga nunca foi preenchida. Dead até que tentou, porém, também sendo manager, acompanhava mais para dar um apoio moral aos jogadores.
Há cerca de um mês, a organização anunciou YNK, ex-analista, como o novo coach do elenco, pegando muitos de surpresa. YNK foi jogador profissional no início das competições do CS:GO e atuava na análise dos maiores eventos do jogo, histórico que o credencia para a posição, já que estudava diversas equipes para as transmissões.
O próprio YNK já afirmou em entrevistas que não está lá para introduzir táticas ao time, mas para trazer apoio e preparação aos jogadores, fazendo estudo dos adversários e a aplicação de todo o projeto dentro do servidor.
Agora com técnico, a MIBR entra na mesma condição dos maiores times do mundo, pois era o único elenco top 10 que ainda não tinha um coach por trás.
Mas afinal, qual é a importância de ter alguém nessa função?
Vamos aos números (OBS: análise feita apenas com números da equipe atuando pela tag MIBR):
MIBR com Stew e Boltz e sem YNK
Foi apenas um evento com essa line-up, a ESL One Cologne 2018, onde os resultados foram:
- Vitória por 16-13 contra Renegades
- Derrota por 2-0 contra FaZe Clan
- Vitória por 2-1 contra North
- Derrota por 2-1 contra BIG
Vitória em 4 mapas e derrota em 5. Dessas 5 derrotas, 3 foram contra North e BIG, times considerados menores e menos preparados que a MIBR. Nesses casos, o trabalho de um coach é essencial para estudo do adversário, preparação dos jogadores para anular a estratégia inimiga e também inibir peças chaves do time oposto, já que times considerados menores exigem uma preparação mais profunda, por não serem tão estudados como os melhores do mundo.
MIBR com Stew e Tarik e sem YNK
- Derrota por 2-0 contra Liquid
- Vitória por 2-0 contra Cloud9
- Derrota por 2-0 contra Liquid
Após a recente adição de Tarik, a equipe precisou se adaptar ao estilo do norte-americano e jogou muito mal o primeiro evento ao lado dele. Um ponto a ser analisado neste campeonato: MIBR perdeu de 2-0 para a Liquid, depois venceu outra partida e volta a enfrentar a Liquid. Isso significa que os brasileiros já sabiam quem enfrentariam, que tipo de estratégias e “armadilhas” os oponentes tinham para usar contra o grupo brasileiro. Porém, não foi suficiente e novamente perderam.
O trabalho de um coach é achar a “lição” da derrota e fazer com que no próximo encontro, essa lição se torne uma vitória e uma virada contra o adversário. É papel do técnico o estudo, a análise de partidas dos oponentes e mostrar ao IGL (ou qualquer outro jogador) o que estão fazendo contra eles no servidor, para juntos, combaterem e criarem soluções de anulação das jogadas inimigas.
MIBR com Stew, Tarik e YNK
- Vitória por 2-0 contra Flash Gaming
- Vitória por 2-0 contra MVP PK
- Vitória por 3-0 contra Team Kinguin
- Vitória por 16-11 contra HellRaisers
- Vitória por 2-0 contra Mousesports
- Derrota por 2-0 contra Astralis
O que vemos aqui é a diferença que um coach faz na equipe. Claro que muitos vão falar sobre o nível dos adversários da MIBR nesta fase e concordo em partes com isso, mas na ESL Cologne, também enfrentaram times considerados “ruins” e foram mal, como 13 rounds contra Renagades, 1 mapa para North e 2 para BIG. E isso antes da North ganhar a Dreamhack Masters Stockholm e da BIG chegar até a final da ESL Cologne.
O nível dos times também era mais “baixo” sem o coach e continuou “baixo” com ele. Se formos seguir esse pensamento, as duas únicas lineups que podemos considerar verdadeiros testes para YNK são Mousesports e Astralis. Portanto, vamos analisar ambas as partidas:
vs. Mousesports (2-0)
Mirage (16-6): pick adversário.
Os brasileiros conseguiram não só vencer, mas também convencer. Mostraram que a adição de YNK, e podemos dizer do Tarik também, deu mais organização ao time e trouxeram de volta um mapa em que os brasileiros eram referência mundial desde 2014.
Inferno (16-8): pick MIBR.
Também mostraram muita organização, calma e teamplay nas execuções. YNK soube pausar a partida nas ocasiões certas, onde a recuperação da mousesports poderia ocorrer. Parou o jogo até após vitórias em rounds. Sábia decisão do nosso sérvio favorito.
vs. Astralis (0-2)
Overpass (6-16): pick adversário.
Este mapa mostrou a falta de tempo que YNK teve para trabalhar com a equipe. O técnico tem apenas um mês de trabalho e a Overpass é um mapa de muita organização e teamplay, onde as bombas e execuções bem feitas são essenciais para vitória. A MIBR ainda é um time muito baseado em mira, que confia na habilidade de seus jogadores para vencerem rounds e ganhar confiança dentro do servidor.
Train (14-16): pick MIBR.
Os três brasileiros sempre foram referências neste mapa. Já ficaram quase 20 jogos sem perder presencialmente, mas vivemos outros tempos. Mesmo os cinco sendo especialistas no mapa, faltou apenas um round para vermos uma prorrogação. No último, a confiança era toda da MIBR após vencer um forçado, com uma linda jogada de Tarik, mas Gla1ve fez o clutch 1×2 e vgarantiu a partida para os dinamarqueses.
Faltou pouco, mas isso também mostra que a MIBR pode dar trabalho até para a Astralis, o melhor time do mundo no momento.
Essa análise mostra apenas o óbvio: a MIBR está no caminho certo.
Uma pessoa “jogar” atrás deles, estar ali podendo ver todos ao mesmo tempo, trás mais segurança aos jogadores, principalmente ao FalleN. YNK tira um peso enorme das costas de nosso capitão e AWPer, pois chama para si a responsabilidade de acalmar o time em momentos ruins, conversar sobre os erros nas pausas e até mesmo para pedir uma tática diferente, pois estando ali atrás, vendo o que acontece com todos os cinco, ele tem uma visão mais ampla do jogo. Mais do que ninguém, o coach sabe o que deve ser feito em momentos difíceis.
Além de todas essas vantagens, YNK ainda tem mais uma: era analista, ou seja, ele sabe ler o time adversário, sabe como se combatê-lo dentro do servidor e sabe quais as armadilhas que podem ser preparadas pelos times contra os brasileiros.
O teste de fogo da MIBR será o Major. A equipe está entre as 8 equipes consideradas “lendas” do torneio, então só inicia sua participação a partir do dia 12 de setembro. Até lá, Astralis e Liquid terão que jogar e se classificar para jogar a etapa em que a MIBR está, então é uma ótima oportunidade para analisar, estudar e criar soluções contra times mais fortes.
Este é o trabalho de um técnico de Counter-Strike. O sérvio, até agora, se mostrou uma ótima adição à equipe e, com certeza, mostrará um belo trabalho em conjunto com a MIBR, assim esperamos.
O Major não é um sonho tão distante assim! #VamosMIBR
