Spacca: “Se tem uma coisa que não dá certo no CS:GO é o pensamento a curto prazo”
Desta vez, batemos um papo com Guilherme “spacca” Spacca. Ele foi o ex-jogador profissional de CS e hoje faz parte da equipe da plataforma de matchmaking Gamers Club, que tem como um de seus sócios Gabriel “FalleN” Toledo.
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Para quem ainda não o conhece, quem é o Spacca?
Eu já respondi essa pergunta algumas vezes, mas vou tentar resumir dessa vez: sou um jogador profissional de CS que passou pelo CS 1.6, CS:Source e CS:GO. Hoje, eu trabalho no marketing da Gamers Club, pensando em como melhorar a experiência do usuário dentro da plataforma.
Você também está se aventurando como caster. Como está sendo essa experiência?
Na verdade, isso ainda é muito novo pra mim, porque não é meu foco de carreira e eu ainda estou aprendendo a realmente ser um caster.
Você teve alguém como inspiração?
Não tive uma inspiração fixa, mas eu sempre achei que faltavam analistas no cenário brasileiro que tivessem jogado realmente em alto nível e isso foi o que me motivou a entrar nessa área.
[the_ad id=”11214″]Na sua opinião, o cenário nacional vive o seu auge?
É difícil dizer que o cenário vive o seu auge, acho mais fácil dizer que o CS brasileiro como um todo está no auge. Isso porque temos 6 equipes atualmente fora do Brasil, algo inédito até então.
Quais são os pontos que podem melhorar?
Falando de cenário local, acho que o principal ponto a melhorar é a relação de organizações com os jogadores. Hoje, o Brasil vive um “boom” de organizações e jogadores, mas ambos poucos profissionais e dedicados.
Quando um time começa a criar uma “dinastia” dentro do cenário, as especulações de que ele irá para fora aumentam consideravelmente. Ainda é a melhor opção investir numa mudança ou hoje o cenário nacional já está mais atrativo?
Eu tenho a opinião de você só tem que ir pra fora se você realmente quer alcançar um Major. Não adianta um time dominar o cenário brasileiro e chegar lá fora e não mostrar resultado.
O caso da FURIA pra mim é o melhor exemplo do que deve ser feito: dominaram o Brasil e chegaram no Major em menos de um ano. Se não for pra ser assim, acho que o investimento não vale a pena.
Para uma organização ter sucesso dentro do CS:GO, o que você considera vital?
Planejamento e investimento. É impossível criar uma organização sem uma grana pra manter o time e dar as melhores condições para os jogadores. Mas mais do que dinheiro, é preciso ter a visão de médio longo prazo. Se tem uma coisa que não dá certo no CS:GO é o pensamento a curto prazo.
O cenário nacional tem mostrado jogadores muito talentosos. Quem são as 5 maiores promessas que temos?
Temos muitos jogadores talentosos e com pouca idade, mas os que mais se destacam pra mim, nos últimos meses no Brasil, não exatamente em ordem de preferência: brutt, Lucaozy, biguzera, mawth e nython.
[the_ad id=”11214″]Falando de CS 1.6, como aconteceu o convite e qual foi sua reação ao deixar o FireGamers e seguir para o mibr?
O cogu me ligou avisando que tinha uma vaga no time, mas que eu precisava responder dentro de uma hora ou eles iriam pensar em outro jogador. Foi uma correria pra avisar pai e mãe, risos. Mas no fim deu tudo certo, e essa experiência no mibr foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida.
O Firegamers era realmente muito bom, mas as oportunidades que o mibr iria abrir pra mim era algo que não dava pra recusar.
Como foi à adaptação junto ao mibr, tendo em vista que sua contratação foi realizada faltando menos de 1 mês para as finais da Extreme Masters de 2009?
No início foi difícil, porque dois dias antes da gente viajar pra Suécia pra fazer um bootcamp de duas semanas, minha avó faleceu. Minha mãe estava acabada e eu fiquei naquele pensamento de culpa de ir viajar bem no momento que ela mais precisava de mim. Então minha preparação não foi a das melhores para aquele momento.
Como foi sua passagem pelo GC.BR e como era sua relação com o Beto China?
O GC.BR foi um dos times que eu mais aprendi no CS de modo geral, isso porque o China nos ensinava coisas básicas de convivência, amizade e competitividade dentro de um time. Ele sabia, já naquela época, que o sucesso de um time não dependia apenas da amizade entre eles, mas de compartilhar o mesmo sonho. A sua filosofia e pensamento dentro do CS acompanhou grandes jogadores do Brasil e ele sabe muito bem disso.
A Vertigo chegou ao competitivo e tem sido um mapa de constantes reclamações por conta dos bombs. O que você mudaria para deixá-lo mais atrativo?
As pessoas precisam jogar mais o mapa e ser mais suscetível a mudanças no meta. Qualquer mudança inicialmente é criticada, mas ou o jogo muda ou ele morre. Não sabemos se teremos CS:GO daqui a 10 anos, mas essas pequenas mudanças, mesmo que num map pool, podem significar muito no futuro.
Deixo agora o espaço livre para você falar com seus fãs e seguidores.
Queria agradecer todo mundo que me acompanha e torce hoje para meu sucesso fora do servidor. Minha vida no esports só está começando, apesar de eu já ser um oldman, hahaha!
Foto de capa: Felipe Guerra