Team Liquid: o que falta para a glória?

Sabemos que hoje a Team Liquid é um dos melhores times do mundo. Atualmente no terceiro lugar do ranking da HLTV, a organização tem uma das equipes mais competitivas do Counter-Strike.

Apesar de ser um dos grandes do cenário, a Liquid não conquista um título desde a cs_summit 2, em fevereiro. Depois da entrada de TACO, em abril, a equipe acumula vices e decepções, mas nada de conquistar o troféu nos eventos disputados.

Da esquerda para direita: zews (coach), NAF, TACO, nitr0, EliGE e Twistzz (Foto: HLTV)

Vamos analisar os resultados apresentados após a adição do brasileiro, que substituiu seu compatriota steel:

  • DreamHack Masters Marseille 2018: primeiro evento após a chegada de TACO. Foram eliminados na fase de grupos de forma apertada. Venceram a Gambit por 16-7, perderam da Astralis por 2-1 e perderam da Gambit no jogo eliminatório por 2-1, com 16-14 para os cazaques no último mapa.
  • ESL Pro League Season 7 – Finals: após um mês de pausa depois da DreamHack, a equipe teve tempo de preparação para atuar nas finais da EPL. Um ótimo desempenho foi apresentado, eliminaram favoritos como mousesports e NaVi. Final contra Astralis e derrota por 3-1.
  • StarSeries & i-League CS:GO Season 5: bom desempenho na primeira fase, mas eliminação nas quartas de final, em derrota para a surpresa do evento NRG, por 2-1.
  • ECS Season 5 – Finals: revanche contra a NRG na semifinal e vitória por 2-0. Tiverem a chance de vingar mais uma derrota recente na final, para a Astralis, mas nova perda para os dinamarqueses, 2-0.
  • ESL One: Belo Horizonte 2018: eliminação na semifinal contra a FaZe Clan, por 2-1.
  • ESL One: Cologne 2018: desempenho terrível por parte da Team Liquid. Eliminação na primeira fase, com duas derrotas por 16-7 contra BIG e 2-0 contra North.
  • ELEGUE CS:GO Premier 2018: derrota na final, contra a Astralis, por 2-0.
  • FACEIT Major: London 2018: no evento mais importante do semestre, a Liquid chegou como uma das favoritas ao título, mas foram novamente derrotados pela Astralis, agora na semifinal, por 2-0.
  • ESL One: New York 2018: cotados ao título, a line-up chegou ao solo americano para jogar “em casa”, sendo apoiada por sua torcida. Mas, na grande final, o revés veio por 3-2, em uma excelente partida contra a mousesports.
  • EPICENTER 2018: mais um evento muito importante de 2018 e o time chegando como candidato à conquista. Mas, o título parece nunca chegar. Desclassificação na semifinal, por 2-0, contra FaZe Clan.
  • IEM Chicago: de novo ao lado de sua torcida, a Team Liquid buscava se afirmar e afastar de vez a fama de nunca conseguir se impor quando as decisões chegavam. Fizeram uma boa primeira fase, depois eliminaram a LDLC nas quartas e FaZe Clan (por 2-1) na semifinal. Chegou a hora da verdade, a grande final. Quem era o adversário? Isso mesmo, o “bicho papão” do CS atual, Astralis. Como sabemos, foi uma final consideravelmente tranquila para os dinamarqueses, com 3-0 e parciais de 16-14, 16-7 e 16-4.
  • ECS Season 6 – Finals: eliminação precoce na fase de grupos, após derrotas pra North e NRG.

O que acontece com a Team Liquid?

A situação que os jogadores americanos, canadenses e o brasileiro TACO enfrentam é muito semelhante a da própria Astralis no passado. Quando os dinamarqueses ainda atuavam sob a alcunha de Team SoloMid, a TSM, em 2015, eram considerados uma das melhores equipes do mundo, porém a sina de sucumbir a importantes partidas era predominante no currículo dos jogadores.

Xyp9x, player da Astralis, em atuação pela Team SoloMid, no IEM San Jose 2015 (Foto: HLTV)

Ao trocarem de organização, em 2016, passaram a atuar pela Astralis e os problemas continuaram. Eram apontados como favoritos aos grandes eventos e decepcionavam quando mais podiam ser os campeões.

Mudanças foram feitas na line-up e no estilo de jogo, mas nada mudava no resultado. Provavelmente, as duas maiores alterações feitas pela Astralis que mudaram o patamar da equipe não foram feitas dentro do servidor. Não foi a adição do IGL Gla1ve, nem dev1ce assumir a AWP. As duas mudanças que concretizaram os nórdicos como potências do CS foram Danny Sørensen e Mia Stellberg.

O primeiro, é o atual técnico da equipe, zonic. O coach foi essencial na mudança de postura do time, ao trazer novas estratégias, novos meios de jogar e obter vantagens in-game. O papel de zonic sempre foi auxiliar o IGL a organizar o time e inovar na hora de dificuldades técnicas e psicológicas.

Por falar em psicológico, a segunda mudança trazida pela Astralis para mudar seu patamar no CS, foi a psicóloga Mia Stellberg. A profissional foi de suma importância no trabalho de alterar o sentimento dos jogadores ao se tratar da reação que teriam em situações adversas na partida. O psicológico dos players é fundamental na hora da partida, principalmente quando se trata de decisões que envolvem títulos de grande prestígio.

O impacto de um AWPer

Outro ponto que a Team Liquid tem em comum com a antiga TSM é a falta de um AWP de ofício. Na época, a atual Astralis tinha cajunb que fazia a função, mas não era nativo da posição. Com a saída dele, dev1ce assumiu a AWP, mas também não era um AWPer de formação, apenas se tornou um ótimo player na categoria com o passar do tempo.

A Team Liquid atualmente joga sem sniper e em situações específicas, qualquer jogador da line-up assume a arma. Nitr0 é quem mais a usa, mas NAF também utiliza bastante (até chegou a ser o AWPer em sua época de OpTic). Até TACO, que era o sniper secundário em alguns mapas na SK Gaming, também recebe a arma mais poderosa do CS quando necessário.

Twistzz e NAF, respectivamente, no EPICENTER 2018 (Foto: HLTV)

É papel do coach zews saber até onde a falta do AWPer nativo atrapalha o desenvolvimento da equipe em partidas acirradas e o que perdem sem um jogador especializado na função, que treina sempre com o equipamento. É fato também que, qualquer jogador profissional de CS sabe como funciona a AWP e pode utilizá-la, mas para dominar, como FalleN, GuardiaN e kennyS, é necessário treino, dedicação e um sistema de jogo que coloca o AWPer em evidência, para que ele possa usufruir de todo o poder de fogo da arma.

E qual a solução para Liquid?

Não há uma fórmula de sucesso. O CS é um esport como qualquer esporte comum. Existe a competição, o estudo ao adversário, dias bons e dias ruins. Não é possível saber como ganhar sempre, mas a preparação para a vitória é mais do que necessária para a glória.

O exemplo da Astralis também é aplicável nesse ponto. Os dinamarqueses revolucionaram ao trazer uma psicóloga para auxiliar a equipe (incluindo o técnico zonic) e, além disso, revolucionam ainda o Counter-Strike como jogo. Reveja qualquer partida deles de 2018. Perceba que em cada momento surge uma coisa nova, por mais simples que pareça ser, como o uso correto de granadas ou uma tática maluca em um eco total que acabou por render a vitória no round.

Fato é que a Liquid tem zews, um coach de peso (sem trocadilhos), renomado e vencedor, mas só experiência não faz glórias. É preciso trabalhar o psicológico também, saber como reagir às derrotas e como tirar lições de cada título perdido. Não é só perder e assistir à demo da partida para rever os erros, mas saber aprender com o time vencedor, que no caso é a Astralis, como os próprios dinamarqueses fizeram quando perdiam.

Capitão nitr0 em conversa com o coach zews durante a ESL One New York 2018 (Foto: HLTV)

Não sugiro nenhuma mudança de line-up, mas uma mudança de postura dentro do servidor. Tática, estratégia e habilidade, todos da Team Liquid têm de sobra, até mesmo para usarem a AWP quando necessário. O que realmente precisam é trabalhar a mentalidade de vencedor, a cabeça de um time que disputa títulos.

Os cinco players ainda são jovens e para alguns, falta bagagem. Os mais velhos, nitr0 e TACO, têm apenas 23 anos, e Twistzz, o mais novo, 19. Talvez pela idade e pelo psicológico ainda em desenvolvimento, jogadores como o próprio Twistzz, NAF ou EliGE se perdem em decisões de muita pressão e importância.

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A glória da Team Liquid é questão de tempo. A vivência dos players e a mente de campeão vêm com a evolução que eles possuem do jogo, dos ambientes e das situações adversas que ainda vão enfrentar.

Como disse anteriormente, não acho que uma troca de line-up é necessária, mas tenho convicção de que, se os resultados não aparecerem até o IEM Katowice Major 2019, que se encerra em março, a organização fará mudanças no time e a adição de um IGL de origem ou um AWPer de ofício serão cotadas.

O próximo compromisso da organização holandesa é no evento SuperNova CS:GO Malta, que inicia dia 29 de novembro. O título desse campeonato é quase uma obrigação para a Liquid, pois apenas times considerados pequenos disputarão o torneio contra TACO e companhia. NRG e BIG são as equipes melhores rankeadas na HLTV, #8 e #9 respectivamente, que participarão do evento.

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