Acessibilidade nos esports: conheça a Rise Academia

Em meio a uma onda crescente de progressismo nos cenários de esports, onde movimentos de inclusão vêm ganhando cada vez mais força, o projeto da Rise Academia é um dos que se destaca. Com a premissa de ensinar e introduzir intérpretes de libras em todos os jogos competitivos, seus responsáveis reivindicam o direito de acessibilidade de modo geral.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), 70% dos brasileiros que possuem dificuldades auditivas em compreender o português, dependendo exclusivamente da linguagem brasileira de sinais (Libras). Foi a partir disso que Keila Alcântara (interprete e tradutora de libras) e Guilherme Cepeda (CEO Gamer Squad) partiram para a criação da Rise Academia.

“Abrimos as inscrições, bateu quanto? Deixa eu ver… acho que está em setenta, oitenta, alguma coisa assim”, revelou Cepeda em entrevista ao The Clutch, indicando a alta procura através dos formulários divulgados pelo projeto.

“Não somos só um time”

Embora vejamos passos rápidos dados nos últimos anos em prol de mais causas sociais, alguns públicos ainda não se sentem contemplados pela comunidade gamer. Devagar, projetos como os de Keila e Guilherme abrem horizontes e informam que as coisas tem de mudar caso o desejo seja o crescimento da audiência.

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“No começo da line de surdos, que se chamava Eagle Savage, foi abraçada pela Gamer Squad, né? Trocou de nome e se tornou um time da organização, e aí quando entramos, a gente não entrou com a intenção de ser só mais uma lineup, sabe?“, contou Arien, intérprete da Rise Academia.

“Por que eu acho que todas as equipes da GSE funcionam desta forma, então a gente tenta sempre trazer a bagagem que a gente tem, que pode influenciar em outras pessoas. Ela [Eagles] nasceu na Liga dos Surdos, que é o campeonato pra surdos dos esportes eletrônicos. A organização adotou a gente, eu sou intérprete da liga também, então o interesse surgiu daí”, completou.

Guilherme também reforça que a associação não planeja manter-se apenas no League of Legends, querendo se expandir para todos os jogos competitivos possíveis, na expectativa de aumentar a visibilidade e mostrar o quão necessário é esse trabalho.

Ainda falta muito a se fazer

Apesar de estarmos começando a ver times femininos e pessoas negras jogando e trabalhando para a grande audiência, campeonatos grandes ainda não possuem sequer qualquer tipo de recurso que permita a inserção do público surdo.

Um grande exemplo é o Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL), que chega a sua décima edição e é considerada uma das maiores competições de esports do país, mas ainda se encontra sem um(a) intérprete ou legendas.

“Temos muitas pessoas com deficiência, mas não tem acessibilidade. Então o ponto de partida é buscar recursos acessíveis por parte das empresas de jogos e das organizações. Elas são as mais interessadas, mesmo ainda tendo pouquíssimas interessadas, então assim, o trabalho que temos está vindo a partir delas”, contou a tradutora.

“O CBLOL, por exemplo, não demonstrou nenhum tipo de interesse até o momento, até onde se vê, nas matérias, nas redes sociais, enfim, sabe? Quando a gente fala de recursos acessíveis por parte das empresas, a gente tem que levar muito em consideração as empresas de jogos em FPS, né? Por que são uns dos grandes jogos que tem mais problemas de recursos acessíveis para pessoas surdas. É complicado, por que cabe a eles ir em busca desses recursos. É tudo o que a gente corre atrás”, adiciona a tradutora.

Recentemente, Carlos “Cacophonie” Antunes, Líder de Esports da Riot no Brasil comentou, durante a coletiva de imprensa de abertura do CBLoL, sobre os planos de acessibilidade para o futuro (veja a matéria aqui). Caso a ideia se concretize, o campeonato será pioneiro trazendo este formato inclusivo.

A Rise Academia também não planeja ficar somente no atendimento ao público surdo, mas também desejam abranger outras deficiências no futuro, como jogadores que possuem mobilidade reduzida. Eles também dão aulas de libras na Twitch duas vezes por semana, sem custo algum.

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