Review: Shadows é o melhor Assassin’s Creed já feito e o maior acerto da Ubisoft em anos

AC Shadows
Imagem: Reprodução/Ubisoft

Assassin’s Creed Shadows leva, pela primeira vez, a famosa franquia da Ubisoft ao Japão feudal. Entre lâminas afiadas, divergências históricas e um verdadeiro banho de sangue, a história é narrada a partir da perspectiva de dois protagonistas — algo inédito na série.

Naoe é uma sorrateira shinobi de Iga em busca de vingança e redenção, enquanto Yasuke é um samurai implacável que tenta desvendar seu passado misterioso, ao mesmo tempo em que se submete aos caprichos sádicos de seu mestre. Essa combinação de dois pontos de vista divergentes, propostas de gameplay distintas e o carisma único de cada personagem resulta em um grande acerto.

Antes de mais nada, é preciso refrescar a memória ou mesmo fornecer uma base para quem está chegando na franquia agora. O enredo dos jogos da série Assassin’s Creed gira em torno do Animus, uma tecnologia que permite ao protagonista, por meio de seu material genético, reviver as memórias de seus antepassados. É basicamente uma viagem ao passado para moldar um novo futuro.

Uma representação viva do Japão feudal.

Shadows nos faz mergulhar no Japão feudal, um período em que o país estava totalmente fragmentado, e a imensa desigualdade social fez com que muitos abandonassem sua fé e crenças, enxergando nas guerras a única esperança de mudar a realidade. O período também foi marcado pela chegada dos portugueses, os primeiros europeus a pisar no Japão, em 1543.

Muitos viram a chegada dos portugueses como uma grande ameaça, especialmente pela introdução do cristianismo no país. Yasuke, inclusive, foi encontrado por missionários portugueses, mas logo chamou a atenção de Oda Nobunaga, o principal antagonista de Shadows, que reconheceu no homem negro, discriminado pelo povo, um espírito de luta capaz de torná-lo um valente samurai.

Assassin's Creed Shadows
Imagem: Captura de tela Assassin’s Creed Shadows/Rebeca Pinho/Ubisoft

A introdução de Assassin’s Creed Shadows nos dá um vislumbre de Yasuke, funcionando quase como um tutorial. De maneira até um pouco estranha, o jogo nos ‘atira’ para Naoe, e é com a jovem shinobi de Iga que a história realmente começa. Embora fique claro que jogaremos com Yasuke no futuro, essa transição de personagem — e de ponto de vista narrativo, já que no início nossos protagonistas estão em lados distintos — é bem abrupta.

Assassin’s Creed Shadows é um jogo incontestavelmente lindo.


O Japão feudal vive em Shadows, e
é preciso reconhecer o mérito da competente direção de arte presente aqui. Dentro do jogo, há um sistema de mudanças de estações que intensifica essa beleza, criando cenários absolutamente imersivos. A chuva, a água e a forma como o vento interage com os elementos do cenário são detalhes que enriquecem a experiência visual.

Por diversas vezes, esqueci que estava jogando e encarei o título da Ubisoft como uma obra de arte que merece ser apreciada. E, por falar nisso, o jogo conta com um modo foto bastante competente. Abaixo, compartilho um dos meus registros visuais favoritos.

Assassin's Creed Shadows
Imagem: Captura de tela Assassin’s Creed Shadows/Rebeca Pinho/Ubisoft

Aproveitando o tom mais sombrio da foto, é hora de falar sobre o combate em Assassin’s Creed Shadows. Preciso começar dizendo que eu era uma grande crítica do combate stealth, aquele estilo sorrateiro no qual você distrai inimigos e os elimina de maneira furtiva. Bom, eu disse “era” porque jogar com Naoe me fez mudar radicalmente de opinião. O que eu antes odiava, agora amo. Pelo menos em Shadows, o combate com a carismática shinobi foi o meu favorito. Embora eu acredite que a gameplay com Yasuke, no estilo titã, vá agradar a muita gente.

Aos que gostam de combates violentos, com bastante sangue e finalizações pesadas, o jogo oferece um prato cheio. Ainda existe todo o charme oriental, especialmente em algumas cenas e até mesmo em alguns golpes especiais, que transformam a tela em uma espécie de pergaminho para equilibrar as coisas. Mas, de fato, este é o jogo com o tom mais macabro da série.

Ainda sobre o combate, na minha opinião, é aqui que reside o maior e talvez único defeito do jogo. A inteligência artificial é notavelmente limitada.

Alguns inimigos parecem estar em Nárnia e simplesmente ignoram nosso personagem, mesmo quando estamos praticamente colados no cangote deles, enquanto outros estão travando um combate sincero conosco. Há também aliados que podemos recrutar através de missões secundárias e que, às vezes, parecem estar ali apenas para observar, esquecendo-se de que precisam usar suas armas para nos auxiliar.

Bom, situações como essa ocorreram diversas vezes, mas ainda assim, o combate como um todo é algo positivo em Shadows. Por diversas vezes, escolhi descer do cavalo para enfrentar inimigos, não apenas pelo XP ou loot, mas também pelo combate viciante. O tom artístico, os golpes, as diferentes armas e maneiras de abordar os inimigos fizeram com que esse ponto negativo — que talvez seja corrigido ou, ao menos, amenizado com o patch de lançamento — não estragasse minha experiência.

Assassin's Creed Shadows
Imagem: Reprodução/Ubisoft

Certo. Temos um excelente combate, uma direção de arte impecável que traz vida ao jogo e um enredo rico, ambientado em um período histórico. Mas o que há para fazer no jogo além de descer a porrada nos inimigos? Muita coisa!

Além da quest principal, existem missões secundárias que fornecem XP, equipamentos e Mon, a moeda do jogo, que pode ser usada para comprar itens de vendedores e até mesmo recuperar seus batedores. Esses são membros da equipe que podem carregar contrabando, encontrado em instalações inimigas e também rastrear objetivos pelo mapa.

Há atividades também focadas no ganho de pontos para serem usados nas árvores de habilidades, na aba de Maestria. Existem objetivos simples, como orar em locais de um templo sagrado, e outros mais complexos, que exigem eliminar um determinado número de comandantes, invadindo instalações como castelos.

Falando em objetivos secundários, um ponto positivo que deve ser citado é que, ao explorar o mapa, é possível encontrar itens de missões que você ainda não aceitou. Dessa forma, explorar locais nunca é uma perda de tempo, pois pode trazer agilidade na hora de concluir esses objetivos. Grande parte dessas atividades é simples, mas diversas delas trazem uma narrativa interessante. A missão do doguinho fiel ao túmulo de seu dono e as borboletas de origami são bons exemplos.

Imagem: Captura de tela Assassin’s Creed Shadows/Rebeca Pinho/Ubisoft

Shadows não um jogo complexo, mas ele exige uma certa organização por parte do jogador. Por exemplo, o extenso mapa do jogo é dividido em regiões com níveis de poder. Se você está no level 5 e vai para uma área de level 25, a experiência pode se tornar um soulslike ou algo muito além disso. É preciso ter atenção também ao seu arsenal, pois os itens têm level, raridade e atributos únicos.

Além disso, há diversas árvores de habilidades separadas pelo modo de combate, e o jogador decide onde investir seus pontos. Você pode aprimorar o combate furtivo de Naoe e deixar o lado ofensivo temporariamente de lado, por exemplo. Esse controle para moldar o personagem ao seu estilo é algo muito bem recebido.

Nossos dois protagonistas possuem três tipos de armas cada, e você pode equipar duas de uma vez. Além disso, cada uma delas também tem melhorias que podem ser desbloqueadas conforme seu estilo de combate. A personalização do combate, sem dúvidas, é um dos pontos mais fortes do jogo.

Assassin's Creed Shadows
Imagem: Captura de tela Assassin’s Creed Shadows/Rebeca Pinho/Ubisoft

Assassin’s Creed Shadows é um jogo gigante, em todos os sentidos da palavra. Há inúmeras atividades, maneiras de jogar e algumas missões exclusivas de cada personagem. Como deve ter ficado evidente neste review, Naoe foi a minha escolha principal para essa primeira jogatina, mas há muito a desbravar com Yasuke ainda.

Vale citar o esconderijo, uma espécie de base onde o jogador pode treinar aliados, garantir novas habilidades para eles, melhorar equipamentos e aumentar a eficiência dos batedores. Além disso, há diversas opções de decoração, com itens espalhados pelo mundo aberto do jogo. Um desafogo para um jogo imenso, que pode e naturalmente será um tanto quanto repetitivo em certo ponto. Existem novas atividades pós-jogo, e a Ubisoft já anunciou uma DLC para Assassin’s Creed Shadows.

Assassin’s Creed Shadows vale a pena?

O melhor jogo da franquia é também o maior lançamento da Ubisoft em anos. Assassin’s Creed Shadows já é certamente um dos protagonistas do ano e o jogo deve ganhar prêmios em diversas premiações, sendo, inclusive, um forte concorrente ao título de melhor jogo do ano.

Um enredo envolvente, dois protagonistas cheios de carisma e com estilos de jogo únicos, em um dos mundos abertos mais belos já criados. Assassin’s Creed Shadows oferece uma experiência única de viver o Japão feudal como nunca antes.

Nota: 9

Para auxiliar na produção deste conteúdo, nossa jornalista recebeu da representante nacional da Ubisoft uma cópia para PC de Assassin’s Creed Shadows.

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Comentários 2
  1. a mina que vive pagando de profissional empolgada pq recebeu um joguinho antes da hora e nem jogou ele direito pra fazer review. The Clutch ta cada diz mais várzea

    1. Obrigada pelo seu comentário, Jeferson. Adoraria saber o que te leva a achar que não joguei. Qual ponto do texto gera tamanha repreensão em você?