Review: The Alters é o resultado de quando a obra transcende o videogame


The Alters combina elementos de sobrevivência, gerenciamento e ficção científica em uma experiência carregada de emoção.
O jogo nos coloca na pele de Jan Dolski, um minerador espacial que precisa lidar com a solidão e o medo após um grave acidente destruir sua nave e tirar a vida de toda a tripulação. Agora, isolado em um planeta hostil, ele enfrenta o desconhecido em busca de uma forma de voltar para casa.


Jan Dolski reencontra sua nave — mas isso está longe de ser o fim dos seus problemas. Para sobreviver e retomar o controle da situação, ele precisa de mão de obra: alguém para consertar sistemas elétricos, buscar comida, manter os módulos operando, lidar com reparos mecânicos. Tarefas demais para uma única pessoa. Mas… e se pudessem existir outros Jans?
Rapidium, um elemento misterioso descoberto por Jan, surge como um sopro de esperança em meio ao desespero. Com ele, Jan é capaz de criar versões alternativas de si mesmo. Não são simples clones, mas reflexos de quem ele poderia ter sido caso tivesse feito escolhas diferentes ao longo da vida. Cada um desses outros Jans carrega habilidades únicas, memórias distintas e personalidades próprias.
Um dos maiores desafios do jogo envolve gerenciar esse time improvável e tomar decisões que impactam diretamente o relacionamento de Jan Dolski com suas versões alternativas. O jogo confronta o jogador o tempo todo com escolhas que colocam em xeque a própria identidade. Conflitos morais e éticos surgem a cada passo. Essas cópias servem apenas como ferramentas para garantir a sobrevivência ou merecem ser tratadas como indivíduos com vontades e sentimentos?


A todos os dilemas propostos pela narrativa se soma um sistema robusto de gerenciamento de base e coleta de recursos essenciais para a sobrevivência de Jan e suas cópias. Esses outros eus também precisam comer, dormir e se manter ativos, o que exige organização, planejamento e muito trabalho. Para quem não está familiarizado com o gênero, a experiência pode parecer punitiva no início e isso se intensifica consideravelmente nos níveis mais altos de dificuldade.
Particularmente, venci a barreira do “nunca joguei e não me atraem jogos do gênero” e grande parte da minha vontade de continuar veio da narrativa envolvente e da curiosidade em descobrir o desfecho da trama. O jogo te pressiona de verdade, não apenas na gestão de recursos, mas no que realmente importa, o gerenciamento de sentimentos e decisões difíceis envolvendo os companheiros mais próximos dentro da nave.


Olhando para os aspectos técnicos, The Alters é visualmente bonito, mas preciso destacar que a parte sonora não acompanha o mesmo nível. A trilha sonora é tímida e não intensifica momentos que poderiam ganhar ainda mais brilho. Isso não significa que ela não funcione ou deixe de cumprir seu papel, apenas que poderia ser a cereja do bolo, mas não chegou a ser.
O jogo é repleto de tutoriais que tornam a experiência acessível, e esse é um grande ponto positivo. Explorar os cenários, passar horas personalizando sua base e lidar com escolhas que impactam diretamente a narrativa são momentos que tornam a experiência com o jogo única e, quiçá, memorável.
+ FBC: Firebreak, FPS cooperativo do estúdio de Control, já está disponível
The Alters está disponível nas seguintes plataformas: Windows PC (via Steam, Epic Games Store e Xbox Game Pass para PC), PlayStation 5 e Xbox Series X|S.
The Alters vale a pena?
Se você é um entusiasta do gênero de gerenciamento e gosta de boas narrativas, The Alters tem tudo para se tornar seu jogo favorito. Agora, se esse tipo de jogo não é muito comum para você, existe sim uma barreira inicial a ser vencida. Mas, caso isso aconteça, a experiência criada pela desenvolvedora polonesa 11 Bit Studios tem tudo para ser marcante, com dilemas que vão te acompanhar mesmo depois de desligar o videogame.
Aspecto | Avaliação |
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Nota Geral | 8,5 |
Prós | – Narrativa instigante – Acessível com tutoriais bem explicativos |
Contras | – Trilha sonora que não se destaca – Exploração pouco satisfatória |