O The Clutch conversou com Marlon “Twister” Mello, atual coach da Team Secret, mas que teve passagens de sucesso por equipes brasileiras como FURIA e Black Dragons.
Contando um pouco de como os esportes eletrônicos entraram em sua vida, Twister revelou que sempre gostou de jogos de tiro e jogos de estratégia, e ao ser apresentado ao Siege por um primo, tudo se encaixou.
“Minha relação com o jogo foi muito espontânea. Sempre gostei de jogos de tiro e jogos de estratégia, e acabou que quando meu primo me apresentou o Siege meio que as peças se conectaram. Inicialmente, eu tinha um plano de ser jogador, mas no Invitational de 2017, no dia do meu aniversário de 17 anos, foi anunciado que o competitivo seria apenas para jogadores de 18 anos, então tive que escolher me tornar coach para continuar envolvido com o jogo e com os esports”, conta.
Mas, afinal, o que é preciso para se tornar um coach?
“Eu comecei como coach apenas estudando o jogo. É como desenhar táticas. Com o passar do tempo fui aprendendo o que era o sistema de pick e ban, counter tático, dinâmicas de grupo, e fui me complementando mais. Hoje, conto com um curso de psicologia do esporte completo e recentemente terminei uma faculdade de gestão de RH, que me ajudou bastante na parte humana das interações do time”, revela.
Ele também destaca a importância do fator motivacional: “Um treinador é o principal responsável pelo suporte de um time, seja tático, seja motivacional, seja de relações ou até mesmo de conhecimento de jogo. Um treinador, no geral, vai tomar decisões ou puxar jogadores pra lugares que eles não querem estar, mas precisam — pra evoluir e alcançar maiores e melhores objetivos”.


Twister chegou na Team Secret com o objetivo de levar os europeus para o Six Invitational 2023, e a missão foi cumprida.
“A minha adaptação na Secret vem sendo muito bacana e facilitará para todos os jogadores. Eles me introduzem e instruem muito com assuntos e situações que eu não estou habituado aqui no Brasil”, diz o coach.
Porém, ele revela uma grande dificuldade que tem encontrado no cenário europeu: “Eu sempre acreditei que os treinos lá eram melhores pela quantidade das ligas regionais, mas no geral, as pessoas desistem dos treinos no meio ou tem um problema de continuidade e objetivo muito grande, coisa que acontecia apenas vez ou outra aqui no Brasil”.
O ‘trash talk’ é uma estratégia válida?
Falando sobre o ‘trash talk’ — quando um profissional tenta desestabilizar o outro através de provocações presenciais ou na internet — Twister conta que “cada um luta usando as armas que tem”.
“Depende do time. Quando nos encontramos dentro de uma partida, tudo que não seja ilegal se torna um artifício pra beneficiar em algo, inclusive um simples Tweet provocando. Então, contanto que não passe dos limites ‘legais’, eu acho que cada um luta usando as armas que tem”, explica.
Expectativa para o Six Invitational 2023
“O Invitational sempre é um campeonato muito especial. Além de acontecer uma vez ao ano e contar com todas as 20 melhores equipes do mundo, também acontece durante o meu aniversário, onde eu sonho todo ano com o ‘presente’, que seria levantar a marreta”, conta Twister.
Em 2017 eu tava assistindo o six Invitational da casa do meu primo, e sonhando com o dia que eu estaria lá! Hoje estou indo pro meu 6º SI consecutivo com a 4º lineup diferente! Dessa vez esses europeus com uma paixão gigante pelo jogo e que gritam e choram a mesma emoção que eu! pic.twitter.com/IOELO8zQE5
— Marlon Mello (@Twisterfps) January 29, 2023
Para Twister, a Team Liquid e w7m são as favoritas para o torneio deste ano.
“Eu acredito que não é difícil apontar a Liquid e a w7m como favoritas nesse Invitational. As duas histórias estão sendo escritas desde o ano passado, com a experiência e tempo de time já sendo construídos para chegarem a esse momento e esse campeonato como as melhores equipes na minha opinião”, revela.
A atual situação do R6
Instabilidade nos servidores, grandes equipes e jogadores se despedindo do R6, isso sem mencionar a situação delicada do cenário feminino. Esse cenário assusta qualquer profissional que atue com o Siege, mas, para Twister, o R6 ainda pode “reacender das cinzas”.
“Não vou mentir, me preocupa sim, mas até certo ponto. Eu entendo que o Rainbow Six está passando por uma renovação, com muitas estrelas e jogadores saindo, mas até onde eu sei, eles tem um plano sólido competitivo pros próximos anos, então assim como o Rocket League, acredito que o jogo pode reacender das cinzas e ser ainda melhor do que era se lidado da forma correta”, afirma.
Por fim, Twister agradece o carinho dos brasileiros e faz um pedido: “Gostaria de pedir pra torcerem pra Secret, pois vamos representar o espírito brasileiro em toda partida! Inclusive contra os próprios”.
Ele conta também que não descarta uma futura volta ao Brasil: “Eu não excluo a possibilidade, gosto muito dos jogadores e staff daqui e dependendo da oferta, voltaria a trabalhar aqui sim”.
O Six Invitational 2023 acontece de 9 a 17 de fevereiro, direto do Canadá.




